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Paraguai

Empresário controverso, Horacio Cartes assume Presidência nesta quinta

Cartes é um dos homens mais ricos e poderosos do país. Prega a imagem de "bom patrão", levando-a, inclusive, para a política | Reuters / Jorge Adorno
Cartes é um dos homens mais ricos e poderosos do país. Prega a imagem de "bom patrão", levando-a, inclusive, para a política (Foto: Reuters / Jorge Adorno)

Empresário milionário e controverso, Horacio Cartes, 57, toma posse nesta quinta-feira (15) como novo presidente do Paraguai.

Ele assume o poder pouco mais de um ano após o impeachment-relâmpago que tirou Fernando Lugo do poder, em junho de 2012, e gerou um clima de tensão política na região. Com ele, volta ao poder o Partido Colorado, que ficou cinco anos fora do poder, depois de controlar por 60 anos a presidência.

Dono de um conglomerado de 26 empresas - a maioria no ramo de cigarros e bebidas -, Cartes é um dos homens mais ricos e poderosos do país. Prega a imagem de "bom patrão", levando-a, inclusive, para a política.

Em junho de 2012, apresentou essa como uma de suas principais credenciais à presidência, em entrevista à Folha de S.Paulo. "O problema do Paraguai é emprego, e nossa família sabe produzi-lo e tratar com dignidade os empregados."

Ele evita falar sobre sua fortuna e já disse que lhe atribuem um patrimônio cem vezes maior do que tem.

Novato

O empresário é um novato na política. Ingressou no Partido Colorado em 2008. Com a derrota do partido – que estava há 60 anos no poder – para Fernando Lugo, viu uma oportunidade na política e avançou na legenda justamente por dar ao partido o que ele mais precisava na época: dinheiro.

Cartes começou financiando os colorados nas eleições municipais de 2010, e a mídia paraguaia especula em dezenas de milhões de dólares os investimentos na própria campanha.

Grande parte de seus eleitores justificaram o voto, em abril, justamente pelo fato de Cartes ser um "outsider", que poderia "renovar" o cenário político paraguaio com a visão pragmática de um empresário. Denúncias

Cartes foi eleito sob a sombra de acusações de contrabando de cigarros, ligação com o narcotráfico e lavagem de dinheiro. Seu nome é apontado no relatório da CPI da Pirataria, de 2004, pelo envolvimento da sua empresa Tabesa no contrabando de cigarros para o Brasil.

Outra denúncia é a de que, há 30 anos, obteve dólares por um preço preferencial do Banco Central paraguaio para vendê-los na cotação paralela. Ele chegou a ser detido por isso.

Um processo foi aberto na Justiça brasileira em 2004 por remessa irregular de divisas, envolvendo o Banco Amambay (de sua família). Seus advogados argumentam que Cartes "não foi diretamente processado".

O empresário ainda aparece, em telegrama de 2010 vazado pelo WikiLeaks, supostamente ligado a uma rede de lavagem de dinheiro e narcotráfico.

"Golpe"

Fernando Lugo acusou Cartes de ter arquitetado o "golpe" que resultou em seu impeachment-relâmpago, em junho de 2012. Ele, que já era um dos pré-candidatos do Partido Colorado para as eleições de 2013, nega qualquer aliança com os liberais para tirar Lugo do poder.

"Os colorados caíram em abril de 2008 e, se a gente negociasse um 'carguinho' que fosse [com os liberais], então iríamos entrar na sem-vergonhice de que isso [a saída de Lugo] tem interesse político", respondeu Cartes logo após o julgamento político no Senado que destituiu Lugo.

Futebol

Cartes era presidente do time de futebol Libertad até uma semana atrás. Ele deixou a liderança do clube -que foi assumida por Carlos Raúl Agüero- para assumir a presidência do Paraguai. O time é o atual campeão paraguaio. Na sua despedida, Cartes disse quando o time não vence o campeonato do país é "um ano com desgraça".

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