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Câmbio

Empresários argentinos manifestam preocupação sobre dólares “Catar” e “Coldplay”

Governo argentino oficializou novos tipos de câmbio para desestimular a saída de dólares e preservar as escassas reservas do Banco Central (Foto: EFE/Juan Ignacio Roncoroni)

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As empresas de viagens da Argentina questionaram nesta quinta-feira (13) a decisão do governo de Alberto Fernández de criar uma taxa de câmbio mais alta para viagens ao exterior e alertaram que o chamado “dólar Catar” impactará negativamente o setor.

Por meio de comunicado, o Fórum Argentino de Consultores e Empresas de Viagens (Facve) expressou sua “preocupação” com a medida publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial e por meio da qual são impostas novas tarifas sobre compras em dólares de passagens aéreas e outras despesas nessa moeda com cartões de crédito e débito.

A criação dessa taxa de câmbio busca desestimular a saída de divisas para zelar pelas parcas reservas monetárias do Banco Central argentino.

“O turismo não é responsável pela falta de dólares do Banco Central e essas novas medidas de curto prazo não fazem nada além de atrapalhar a atividade ao gerar mais impostos e distorcer percepções, atingindo mais uma vez um setor que ainda não se recuperou dos graves efeitos da pandemia”, lamentou a Facve.

As empresas destacaram que a partir desta quinta-feira as passagens aéreas internacionais emitidas na Argentina serão alcançadas com 107% de impostos e retenções sobre a tarifa base da passagem.

“Tanto as companhias aéreas quanto as agências de viagens são agentes de percepção e arrecadação desses impostos. Dessa forma, adicionamos ainda mais carga tributária: pagamos impostos sobre os impostos que arrecadamos para o Estado”, disse Carlos Núñez, diretor-executivo da Facve.

Os empresários lembraram ainda que a balança comercial do setor de turismo trabalha com argentinos que saem de seu país e estrangeiros que entram na Argentina e alertaram que a adição de impostos “atenta” contra a recuperação da oferta de voos internacionais.

“Em caso de progresso nessa direção, a Argentina continuará perdendo conectividade com o mundo, limitando seriamente a entrada de divisas no país pelo turismo estrangeiro”, alertou o comunicado.

Por outro lado, as empresas asseguraram que 75% das saídas de divisas atribuídas ao turismo nas contas do Banco Central correspondem, na realidade, ao consumo em moeda estrangeira feito através de compras online, enquanto “o turismo propriamente dito, passagens, estadias e outros, é apenas uma quarta parte”.

Os novos tipos de câmbio oficializados no Diário Oficial se aplicam ao gasto turístico no exterior que exceda US$ 300 por mês, conhecido como “dólar Catar” devido aos gastos mais elevados previstos para a Copa do Mundo; e ao pagamento a artistas internacionais que se apresentam no país, que passou a ser chamado de “dólar Coldplay”.

Mais cedo, o governo da Argentina havia negado que haja qualquer “incerteza” ou “preocupação” por parte dos empresários após a criação de novos tipos de câmbio.

Em entrevista coletiva, a porta-voz presidencial Gabriela Cerruti assegurou que estas medidas são “bem recebidas” pelos setores interessados, “que em muitos casos as solicitam” nas suas conversas com o governo.

“O que o governo está fazendo é assegurar que os dólares que o Estado tem sejam utilizados para a produção e criação de emprego, assim como para ciência, saúde e conhecimento. As medidas que estão sendo tomadas têm a ver com isto e compreendemos que são bem recebidas por todos estes setores, que em muitos casos as solicitam”, argumentou.

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