La Paz Um comunicado lançado ontem por oito das nove federações de empresários da Bolívia acusa o presidente Evo Morales de lançar o país numa "aventura ideológica" ao se aliar aos governos da Venezuela e de Cuba. Os empresários decidiram se posicionar do lado dos cerca de 1,1 mil agropecuaristas que declararam guerra a Morales na última semana, como resposta ao plano que prevê expropriação de terras para a reforma agrária.
Os empresários mantinham-se em silêncio desde que Morales assumiu o cargo, em 22 de janeiro. Para o setor, Morales encaminha o país "na direção errada" e tende a criar uma "indigna dependência estrangeira de Cuba e Venezuela". "As perspectivas de um futuro melhor estão se diluindo pelas ações ideológicas, políticas e de ingerência externa, que prevalecem sobre os interesses nacionais", diz o manifesto.
O primeiro presidente boliviano descendente de indígenas estaria conduzindo o país a "uma aventura ideológica contrária aos princípios que regem a economia mundial". Os empresários alegam que a nacionalização dos hidrocarbonetos, decretada em 1.º de maio, e o plano da reforma agrária, discutido há duas semanas, não ajudam o país a criar mais empregos. Com essas medidas, segundo o comunicado divulgado ontem, a Bolívia se distancia dos mercados externos.
Os agropecuaristas cortaram diálogo com o governo e alegam que o plano de reforma agrária que prevê a distribuição de 4 milhões de hectares de terra aos campesinos não reconhece a importância do trabalho desenvolvido nos últimos 20 anos pelo setor. A soja, com a ajuda de cerca de cem produtores brasileiros, se tornou a segunda maior fonte de renda da Bolívia, atrás apenas dos hidrocarbonetos.
O governo alega que a oposição não está acostumada com um governo realmente popular. O projeto dos aliados de Morales para a Assembléia Constituinte (que será eleita em 2 de julho) inclui direitos exclusivos para os indígenas, nacionaliza a terra e todos os recursos naturais, e protege o cultivo de coca. Também estabelece uma "economia social comunitária com iniciativa privada" e relativiza o direito de propriedade.
O projeto para a Constituinte antepõe os direitos coletivos e dos povos indígenas e camponeses aos individuais. O Movimento ao Socialismo (MAS), que elegeu Morales, deu um nome expressivo ao documento: "Refundar a Bolívia".
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