A indústria britânica precisa diminuir sua pegada ecológica, ou seja, a marca que deixa no planeta pela atividade, e deve começar o processo nos próximos dois ou três anos. Quem diz isso é o próprio setor, em um estudo encomendado pela Confederação Britânica de Indústrias (CBI), que será apresentado terça-feira no Brasil.

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O grupo de trabalho responsável pelo estudo, formado por 18 das maiores empresas do país, emite aproximadamente 370 milhões de toneladas de CO2, o equivalente a cerca de 1% das emissões globais de gases do efeito estufa.

São companhias que empregam quase 2 milhões de pessoas no mundo e geram uma receita anual de US$ 1,8 trilhão de dólares As cem maiores empresas da Grã-Bretanha respondem, sozinhas, por cerca de 1,5% de todo o CO2 que é emitido anualmente no planeta.

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A influência - tanto ambiental quanto econômica - dá peso às conclusões do relatório, resultado de dez meses de trabalho. Ele sugere uma série de medidas, entre elas investir pesadamente em eficiência energética, incorporar políticas de baixa emissão de carbono, inclusive com o envolvimento dos funcionários, medir sistematicamente suas emissões e fornecer essas informações aos consumidores, de forma transparente.

Pede do governo britânico, em contrapartida, incentivos, regulamentação e estruturas tributárias, além de investimentos no desenvolvimento de novas tecnologias e do estabelecimento de um preço real e de longo prazo para o carbono, cujo mercado eles esperam que se expanda.

As empresas não assumem uma meta para o setor, mas dão o exemplo ao detalhar seus próprios objetivos. No máximo, dizem que "os setores industrial e de transportes podem contribuir juntos com 40%" das reduções necessárias. "As metas do governo para 2050 são ambiciosas, porém viáveis, tanto do ponto de vista operacional quanto econômico, desde que todos comecemos a agir imediatamente", descreve o relatório. "O nível de emissões tem de atingir um máximo e começar a decrescer dentro dos próximos 10 a 20 anos."

A Grã-Bretanha se impôs uma das mais duras metas de corte de emissão de CO2 do mundo. O país se comprometeu a reduzir suas emissões entre 26% e 32% até 2020, e em 60% até 2050, em relação aos níveis de 1990. Cerca de 2% das emissões globais de gases do efeito estufa vêm de lá.

CASO BRASILEIRO - No Brasil, onde não há metas de corte de emissão - somente a intenção, uma vez que é um país em desenvolvimento -, o tema tem pouca penetração no setor industrial, especialmente nas empresas de pequeno porte.

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"Algumas empresas, por seu perfil, precisam ter um diferencial competitivo" e investem em tecnologias limpas, afirma a gerente de meio ambiente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Greice Dalla Pria. "Já para 94% delas, formada por pequenas empresas, a questão tecnológica significa custo."

Greice afirma que o governo não oferece mecanismos econômicos para quem deseja reduzir a emissão de CO2 no processo produtivo. "Os incentivos são minúsculos." Ela afirma que o trabalho britânico será discutido na CNI, mas que não há previsão para que algo semelhante seja feito no País, pelo menos por enquanto. "O relatório é interessante como piloto consolidado em outro país, que pode ser trazido para cá. Mas precisamos responder antes se é possível fazer o mesmo no Brasil e se vale a pena", diz.

A indústria brasileira contribui com cerca de 15% das emissões nacionais de gases do efeito estufa. As maiores fontes brasileiras são o desmatamento e as queimadas, que respondem por 75% das emissões.