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Em vigor desde 1º de setembro, a chamada lei do batimento cardíaco do Texas tem levado empresas a anunciar medidas para contestar a matéria, aprovada e sancionada em maio. A lei proíbe que o aborto seja realizado a partir do momento em que o batimento cardíaco do feto pode ser detectado (normalmente por volta da sexta semana de gestação) e prevê que qualquer pessoa pode ajuizar ação civil contra pessoas que “ajudarem ou induzirem” à interrupção da gestação após esse período.
Na sexta-feira (10), a empresa de software Salesforce, que possui escritórios em várias cidades dos Estados Unidos, dois deles no Texas – em Dallas e Plano -, enviou mensagem aos funcionários para informar que ajudará colaboradores e familiares que estiverem interessados em se mudar para outro estado em razão da lei texana.
“Essas são questões altamente pessoais que impactam diretamente muitos de nós, especialmente mulheres”, apontou a Salesforce no comunicado, ao qual a CNBC teve acesso. “Isso posto, se você tem preocupações relativas ao acesso a atendimento de saúde reprodutiva no seu estado, a Salesforce ajudará na sua realocação e de membros da sua família mais próximos.”
Logo após a CNBC publicar a reportagem, o CEO da Salesforce, Marc Benioff, postou o link da reportagem no Twitter com o comentário: “Ohana, se você quiser se mudar, vamos ajudá-la a sair do Texas. A escolha é sua” – “ohana” é um termo havaiano que significa “família”.
Na semana em que a lei do batimento cardíaco do Texas entrou em vigor, Logan Green, CEO da Lyft, concorrente da Uber no segmento de apps de transporte, anunciou a criação de um fundo para ajudar motoristas do aplicativo que forem processados com base na nova legislação.
A empresa argumentou que a possibilidade de qualquer pessoa ajuizar ação civil contra pessoas que colaborarem para a realização de um aborto após a detecção do batimento cardíaco do feto poderia atingir motoristas de aplicativo que transportarem mulheres para fazer o procedimento.
“A lei ameaça punir motoristas por levar pessoas aonde elas precisam ir, especialmente mulheres exercendo seu direito de escolha”, escreveu Green no Twitter. “A Lyft criou um fundo de defesa legal para cobrir 100% das despesas legais para motoristas processados nos termos da nova lei enquanto estiverem dirigindo para nossa plataforma”, acrescentou o CEO, que anunciou na continuação do post uma doação de US$ 1 milhão à Planned Parenthood.
Ao retweetar o post de Green, o diretor-executivo da Uber, Dara Khosrowshahi, elogiou a iniciativa da Lyft e anunciou que a empresa adotaria medidas semelhantes. “O time Uber também está nessa e vai cobrir custos legais (de motoristas processados) da mesma forma. Obrigado pelo estímulo”, escreveu.