O governo haitiano encerrou ontem as operações de resgate das pessoas soterradas sob os escombros de Porto Príncipe, onde pelo menos 132 sobreviventes foram socorridos desde o terremoto do dia 12. O anúncio foi feito pelo Escritório de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA), destacando em comunicado oficial que as operações de resgate foram encerradas na sexta-feira, às 16 horas (19 horas de Brasília). Uma senhora de 84 anos e um homem de 22 anos foram os últimos sobreviventes resgatados dos escombros, dez dias depois do abalo sísmico de 7 graus na escala Richter que abalou o país e matou 111.499 pessoas, de acordo com o último balanço oficial das autoridades haitianas. Para salvar vidas, 1.918 socorristas internacionais e 160 cães divididos em 67 equipes vasculharam os escombros da capital e das cidades e aldeias do sul do Haiti. As operações humanitárias vão agora dirigir seus esforços na ajuda aos desabrigados, em um momento em que se intensificam as distribuições de alimentos, água, cuidados médicos e barracas às centenas de milhares de sobreviventes, em Porto Príncipe e nas cidades mais devastadas de Jacmel e Leogane.
Importantes deslocamentos de população, muitos deles incentivados pelo governo, estão em curso, com dezenas de milhares de haitianos se dirigindo às regiões não atingidas pela catástrofe. Segundo a ONU, o número das pessoas que deixam Porto Príncipe é maior a cada dia. Mais de 130 mil pessoas já teriam aproveitado a oferta do governo de disponibilizar transporte gratuito a outras cidades. "O número total dos que partem por seus próprios meios continua indeterminado", acrescentou a ONU. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o êxodo pode envolver até um milhão de pessoas e afetar o equilíbrio das regiões rurais pobres que vão receber os desabrigados. As agências humanitárias instaladas no país antes do terremoto já constataram as chegadas de migrantes, muitos deles feridos, ao centro e ao oeste do Haiti.