Os temores sobre a possibilidade de epidemias atingirem milhões de pessoas isoladas ou desabrigadas pelas enchentes no sul da Ásia aumentaram neste domingo, com o número de mortos subindo para 330 pessoas e a disseminação de críticas aos esforços para a prestação de socorro.
Nas últimas duas semanas, enchentes de grandes proporções afetaram a vida de 35 milhões de pessoas na região, desabrigando ou isolando até 10 milhões delas.
No Estado de Bihar, área empobrecida da Índia, quatro helicópteros da Força Aérea entregaram alimentos, remédios e roupas para cerca de 10 milhões de pessoas atingidas. As enchentes pioraram na região após rios romperem barreiras e diques.
"Cada piloto está realizando 12 vôos por dia e há relatos de grande destruição no centro e no norte de Bihar", disse Ramesh Kumar Das, porta-voz do Ministério da Defesa em Kolkata.
Marzio Babille, diretor de saúde da Unicef na Índia e coordenador do trabalho da ONU em Bihar, afirmou que agências de apoio e autoridades devem fazer mais para prevenir surtos de sarampo, gastroenterite, dengue e outras doenças, ou "veremos muitas mortes". Ele afirmou que 20 helicópteros eram necessários em Bihar, onde até agora 87 pessoas haviam morrido.
"A escala é gigantesca, o desafio é enorme para o governo e aqueles que estão ajudando", disse Babille em Patna, capital de Bihar.
Centenas de milhares de pessoas estão acampadas em rodovias elevadas, trilhos de trem e terrenos isolados, cercados pelas águas da enchente.
As chuvas anuais de monção são ao mesmo tempo bênção e maldição, vitais para a produção agrícola da Índia, porém causadoras da morte de centenas de pessoas anualmente. Neste ano, grande parte do leste indiano e dois terços de Bangladesh foram inundados.
O governo indiano disse que mais de 1.100 pessoas morreram por conta das monções neste ano, número que não inclui todas as mortes recentes.
Babille afirmou que em 15 dias, até 2 de agosto, 90 centímetros de chuva haviam caído sobre a área mais afetada de Bihar, em comparação com uma média anual de 1,3 metro.