Santiago do Chile A desigualdade, principalmente na América Latina, é a principal preocupação dos presidentes e ministros de Relações Exteriores dos 22 países participantes da Cúpula Ibero-Americana, que começa oficialmente hoje, em Santiago. O tema do encontro "Coesão social e políticas sociais para atingir sociedades mais inclusivas na Ibero-América" mostra que a reunião será marcada por fortes debates de conteúdo social.
A "Declaração de Santiago" e o "Plano de Ação", que serão aprovados no sábado pelas autoridades presentes, já estão praticamente acertados pelos representantes nacionais reunidos ontem no centro de convenções Espacio Riesco, que sedia a Cúpula.
Os líderes aprovarão o primeiro Convênio Multilateral de Seguridade Social, que poderá beneficiar os imigrantes latino-americanos, permitindo que os trabalhadores da área ibero-americana possam usar em sua aposentadoria rendimentos originados pelo trabalho em países diferentes. Esse convênio será adotado em termos políticos e posteriormente terá que ser ratificado pelos Parlamentos dos 22 países.
O "Plano de Ação" alerta para o fato de que a violência na região ibero-americana alcançou "níveis preocupantes", o que pede a criação de "políticas públicas democráticas" para enfrentá-la "com firmeza".
O documento prevê ações conjuntas nas áreas de saúde, trabalho, educação, troca de dívida por investimentos em educação, compartilhamento de informação, cultura, ambiente, seguridade social, habitação, saneamento, turismo, defesa e cooperação.
O texto também pede o incentivo ao desenvolvimento da infra-estrutura de comunicações para conectar os países da comunidade entre si e com o resto do mundo, assim como o avanço em programas de poupança, eficiência energética e energias renováveis.
Já a "Declaração de Santiago" contém 27 pontos nos quais são previstos compromissos para "progredir rumo a níveis crescentes de inclusão, justiça, proteção e assistência social e solidariedade".
A Declaração ressalta ainda a importância de fortalecer o multilateralismo e o papel das Nações Unidas, assim como o combate ao terrorismo e ao crime organizado transnacional.
Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Bolívia, Evo Morales, aproveitarão o encontro para debater a questão do fornecimento de gás boliviano. Na ocasião, os dois dirigentes também acertarão detalhes da visita que Lula fará ao país vizinho em 12 de dezembro próximo.