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Santa Cruz de la Sierra – Os mais de cem agricultores brasileiros que produzem soja na Bolívia terão hoje um dia decisivo. O governo do presidente Evo Morales deve discutir com o setor, em Santa Cruz de la Sierra – região que concentra grandes produtores estrangeiros – seu projeto de reforma agrária. Diante de um grupo político que prega o fim do latifúndio improdutivo, será necessário que os produtores apresentem boas justificativa. La Paz fala em recensear mais da metade das terras bolivianas, incluindo áreas usadas na produção de soja, mas cuja posse está em situação irregular.

A abertura do governo para as discussões foi vista com alívio pelos agricultores na semana passada. Os campesinos sem-terra – que devem receber 2 milhões de hectares de terras que pertencem ao Estado, conforme anunciou o Executivo dia 19 – também querem discutir a reforma agrária, para disputar a posse das áreas a serem concedidas à iniciativa privada.

O prefeito (governador) de Santa Cruz se tornou principal aliado dos produtores de soja. Rubén Costas defende inclusive a manutenção de áreas consideradas improdutivas nas mãos dos agricultores. Em sua avaliação, a agricultura têm ajudado sua região, a mais rica do país. "Nada e ninguém tem por que se atrever a tomar o que nos pertence legalmente", afirma. A frase, às vésperas da reunião com o governo Morales, demarcou sua posição.

Para os agricultores, a reunião será uma oportunidade de o setor apresentar suas exigências. Para o governo, uma reunião para a discussão do plano da reforma agrária, que já vem sendo desenhado há meses. O resultado das discussões vai determinar um período de tranquilidade, ou anunciar que as turbulências provocadas pela nacionalização do gás e do petróleo, dia 1.º, apenas começaram.

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