Manaus – O terremoto de ontem no Peru, para os geólogos, recebeu o adjetivo de clássico. Duas das placas tectônicas que existem na Terra, a de Nazca, sob o Pacífico, e a Sul-Americana, no continente, convergem exatamente naquela zona. Boa parte do litoral oeste da América do Sul assiste diariamente ao choque tectônico.

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Essa zona é apenas uma das partes do Cinturão de Fogo, enorme "ferradura" que se estende por 40 mil km no Pacífico. Essa grande área de contato é responsável por 90% dos terremotos registrados no mundo.

"Um choque mais violento das placas (a de Nazca mergulha por baixo da Sul-Americana 8 cm por ano) é que provocou o evento sísmico. A energia liberada foi igual a 20 bombas de Hiroshima", explica o pesquisador George Sand de França, geógrafo do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília.

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O fato de o terremoto ter chegado até a Amazônia brasileira não surpreende. "A cidade de Manaus está em uma bacia sedimentar, onde o solo é menos firme. Essas zonas são mais suscetíveis a ressonância das ondas sísmicas", explica França. "São Paulo e Curitiba estão na mesma situação. E os prédios altos, nessas cidades, intensifica o processo".

De acordo com França, as cidades de Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC) também sentiram o forte terremoto de ontem na costa do Peru.

"No caso de Manaus, pela Escala de Mercalli (escala qualitativa também usada para medir os terremotos ao lado da Richter, que é quantitativa), o grau de intensidade chegou ao nível três", afirma França.