As cinco enfermeiras búlgaras e o médico palestino que haviam sido condenados à prisão perpétua na Líbia, acusados de contaminar com o vírus HIV mais de 400 crianças, foram libertados na manhã desta terça-feira (24). Eles retornaram à Sófia, capital da Bulgária, a bordo de um avião da Presidência da França. No aeroporto foram recebidos por parentes, amigos e uma boa notícia: o presidente búlgaro Georgi Parvanov, concedeu indulto ao grupo. É o fim de um drama que durou oito anos.
Parvanov, assinou o decreto de indulto nesta terça-feira. O ministro das Relações Exteriores da Bulgária, Ivailo Kalfin, anunciou o indulto presidencial num breve ato no aeroporto de Sófia, 45 minutos depois de aterrissar o avião vindo de Trípoli, capital da Líbia, com as enfermeiras e o médico.
Kalfin leu um comunicado afirmando que o chefe de Estado da Bulgária "está convencido da inocência dos trabalhadores". Ele agradeceu à comissária de Relações Exteriores da União Européia, Benita Ferrero-Waldner, à mulher do presidente da França, Cecilia Sarkozy, e aos governos da Alemanha, Grã-Bretanha e Holanda, "que fizeram muito pelo retorno a Sófia dos seis voluntários".
"O decreto entra em vigor a partir do momento da assinatura", disse o procurador-geral, Boris Velchev. A enfermeira Kristiana Valcheva, principal acusada no julgamento pela suposta contaminação com o virus da Aids de mais de 400 crianças líbias, comemorou a boa notícia:
"Quero recuperar minha vida como era há 10 anos. Sei que sou livre, sei que estou na Bulgária, mas ainda não acredito", disse Kristiana, que denunciou ter sido torturada para confessar sua culpa. Os seis tinham sido presos em 1999 acusados de infectar mais de 400 crianças com o vírus HIV na cidade de Benghazi, no sul da Líbia. A Suprema Corte do país chegou a condená-los à morte, mas na semana passada alterou a pena para prisão perpétua.
As enfermeiras Kristiana Valcheva, Nasia Nenova, Valia Cherveniashka, Valentina Siropulo e Snezhana Dimitrova e o médico palestino Ashraf al-Hadzoudz, que recentemente recebeu também a cidadania búlgara, chegaram à Bulgária às 9h45m (4h45m no horário de Brasília). Com eles voltou também o médico Zdravko Georgiev, marido de Kristiana. Ele também esteve preso, mas foi absolvido em 2004, quando os outros seis foram condenados à morte.
A libertação coincide com a visita do presidente da França, Nicolas Sarkozy, à Líbia, e acontece um dia depois do governo propor a normalização das relações com a União Européia em troca da liberdade para os seis estrangeiros. Em contrapartida, os europeus ofereceram ajuda para modernizar o hospital de Benghazi, onde as crianças foram contaminadas.
O presidente da Bulgária, Georgi Parvanov, se mostrou aliviado pela libertação das búlgaras, intermediada pela comissária de Relações Exteriores da União Européia (UE), Benita Ferrero-Waldner. Parvanov destacou o empenho do presidente da França, Nicolas Sarkozy, e sua mulher, Cecilia, além do presidente da Comissão Européia (órgão executivo da UE), José Manuel Durão Barroso.