Os venezuelanos estão passando por uma das piores crises de sua história: hiperinflação, desemprego, fome, sucateamento de equipamentos e serviços públicos, repressão estatal e migração em massa. Mesmo assim o governo do ditador Nicolas Maduro encontra caixa para comprar petróleo para fornecer à Cuba. A informação é da agência de notícias Reuters, que afirma que, entre janeiro de 2017 e maio de 2018, a petrolífera estatal venezuelana (PDVSA) comprou quase US$ 400 milhões em petróleo para enviá-lo à ilha comunista com preço subsidiado.
As remessas, de acordo com relatório obtido pela Reuters, são os primeiros registros documentados na OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de que a Venezuela está tendo que comprar petróleo para abastecer um aliado regional em vez de fornecer o produto de suas próprias reservas. Os registros apontam que o produto veio da Rússia e é uma variedade encontrada nos Urais, adequada às refinarias cubanas construídas com equipamentos da era soviética.
A PDVSA comprou o petróleo a US$ 12 por barril, valor maior do que cobrou ao enviar o produto à Cuba, de empresas da Rússia, China e Suíça. Além disso, é possível que Cuba nunca pague as cargas em dinheiro porque Maduro tem aceitado bem e serviços de Cuba em retorno, devido a um pacto firmado em 2000 pelos presidentes Hugo Chávez e Fidel Castro.
As compras de petróleo apontam para a desintegração do setor energético venezuelano. A produção de petróleo no país atingiu a menor taxa do primeiro trimestre em 33 anos - uma queda de 28% em 12 meses - e suas refinarias estão sucateadas e operando com um terço da capacidade.
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Enquanto os gastos com petróleo estão aumentando, a Venezuela está importando menos produtos que seus cidadãos precisam desesperadamente. De acordo com dados do banco central e da Ecoanalítica, uma organização de pesquisa econômica de Caracas, as despesas da Venezuela com importação de bens não relacionados a petróleo caiu de US$ 46 bilhões em 2015 para US$ 6 bilhões em 2017.
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