O Fatah e o Hamas têm uma longa história de rivalidade e conflitos e as tensões e os conflitos armados entre os partidários dos dois campos nos últimos tempos são apenas o auge de quase 20 anos de desentendimentos.

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Os problemas atuais têm sua origem no combate mais amplo que opôs, durante quase meio século, uma corrente nacionalista pan-árabe, liderada por Jamal Abdel Nasser, a um movimento radical, dominado inicialmente pelos Irmãos Muçulmanos Egípcios.

Nos territórios palestinos, a batalha começou no início dos anos 1980, nos campus das universidades, entre membros dos Irmãos Muçulmanos, que iriam criar no fim de 1987 o Hamas, e os nacionalistas do Fatah, fundado em 1959 pelo líder histórico dos palestinos, Yasser Arafat.

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A primeira intifada (1987-1993) lançou os dois campos numa primeira luta pelo poder e em confrontações diretas, o Hamas contestando a supremacia da Organização para a Libertação da Palestina (OLP, que agrupa todos os movimentos nacionalistas) na luta pela libertação nacional.

O jovem Hamas, criado pelo xeque Ahmed Yassin, que pregava a destruição de Israel, realizou nesta época seus primeiros ataques contra Israel, recusando o combate ao lado de outros movimentos e, sobretudo, a ajuda do Fatah.

A verdadeira ruptura ocorreu em 1988, quando a OLP reconheceu o princípio de dois Estados, um israelense e outro palestino, vivendo lado a lado. A divisão entre os grupos tornou-se ainda mais evidente em 1993, quando da assinatura dos acordos de Oslo sobre a autonomia palestina, criticados pelo Hamas.

O Hamas considera que a OLP e Yasser Arafat traíram a causa palestina ao assinarem esses acordos, e viram uma tentativa deliberada da OLP de impedir sua chegada ao poder, que ocorreria 13 anos mais tarde com a vitória nas eleições legislativas e a formação de seu primeiro governo.

"Os integrantes do Hamas sempre pensaram que a principal razão pela qual Arafat e OLP foram a Madri e Oslo (para discutir a paz) era enfraquecê-los. Eles consideram que esses acordos legitimaram a ocupação israelense da Palestina histórica", estimou Azzam Tamimi, que escreveu um livro sobre o Hamas.

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Embora a rivalidade entre laicos e religiosos sempre tenha existido, ela se tornou mais intensa ao longo dos anos.

"Para os palestinos de hoje, a rivalidade entre o Hamas e o Fatah é explicada pela busca do poder", assegurou Ali Jarbawi, um analista político. "O Hamas é visto como um movimento ávido por poder, e o Fatah como o partido que não consegue abandonar o poder", explicou ele.

"É um dos momentos mais graves da história da questão palestina", afirmou Hicham Ahmed, professor de ciência política na Universidade Bir Zeit de Ramallah. "É o apogeu de muitos anos de disputa, de concorrência e de rivalidade", acrescentou.