As obras de reconstrução mal começaram no Haiti um ano depois do catastrófico terremoto, informou na quarta-feira uma destacada entidade assistencialista, em um relatório com críticas duras à comissão de recuperação liderada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton.
Houve uma grande disposição de ajuda no mundo todo depois do terremoto de 12 de janeiro de 2010, que devastou boa parte da capital do país, Porto Príncipe, matando quase 250 mil pessoas e deixando mais de 1 milhão de desabrigados.
Mas o relatório da Oxfam, entidade com sede na Grã-Bretanha, embora reconheça que a recuperação de desastres é lenta mesmo em países desenvolvidos, afirma que os esforços no Haiti ficaram paralisados por falta de liderança do governo e da comunidade internacional.
"Enquanto os haitianos se preparam para o primeiro aniversário do terremoto, perto de 1 milhão de pessoas ainda estão desalojadas. Menos de 5 por cento do entulho foi removido, se construiu apenas 15 por cento das habitações temporárias necessárias e relativamente poucas instalações de água e saneamento básico", diz o relatório.
O dinheiro é parte do problema, diz a Oxfam. O relatório cita dados da ONU mostrando que menos de 45 por cento dos 2,1 bilhões de dólares prometidos para a reconstrução do Haiti durante uma conferência internacional de doadores, em março, em Nova York, foram de fato desembolsados.
Mais importante, contudo, no relatório, é a afirmação de que a comissão presidida por Clinton e o primeiro-ministro haitiano, Jean-Max Bellerive, ficou aquém do esperado em muitas áreas cruciais.
"Até agora, a comissão fracassou em cumprir o que prevê o seu mandato", diz o documento. "A comissão é um elemento-chave na reconstrução e tem de superar a situação de indecisão e adiamentos."
Estabelecida em abril como principal órgão de coordenação dos esforços, a Comissão Interina de Recuperação do Haiti teria de melhorar a coordenação dos projetos internacionais de ajuda, fomentar a capacidade estatal para sua implementação e unir doadores e agentes governamentais na condução dos esforços de reconstrução.
Mas a comissão só se reuniu algumas vezes desde sua criação. O relatório diz que se caracteriza por "políticas e prioridades frequentemente contraditórias" e precisa fazer mais para consultar adequadamente o povo haitiano, bem como comunicar suas decisões e funções.
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