Um dos lemas da Copa do Mundo do Brasil seria a luta contra a discriminação e o racismo, uma bandeira promovida pelo governo brasileiro e pela Fifa. Mas, segundo a principal entidade que monitora esses incidentes no mundo do esporte, a Fare, o torneio viu uma proliferação assustadora de casos de propaganda neonazista nos estádios brasileiros. A instituição, inclusive, acusa os organizadores do Mundial de terem "fechado os olhos" para o problema.
Um levantamento produzido pela Fare revelou que pelo menos 14 atos de racismo ou discriminação ocorreram nos estádios brasileiros durante as 64 partidas da Copa. Ainda assim, praticamente ninguém foi punido. Segundo a instituição, os incidentes incluíram "abusos homofóbicos e racismo". O mais frequente, no entanto, foi o registro de "propaganda da extrema-direita europeia".
Na Europa, eleições em vários países nos últimos meses têm registrado o aumento de apoio a grupos xenófobos. O levantamento da Fare apontou que a exposição dos símbolos neonazistas chegou ao Brasil durante a Copa. Os casos foram notados desde o jogo de abertura, em que a seleção brasileira derrotou a Croácia. Na ocasião, torcedores croatas abriram no Itaquerão uma bandeira com uma saudação da organização fascista Ustashe, que atuou na Segunda Guerra Mundial e matou milhões de pessoas.
Em 16 de junho, na goleada da Alemanha sobre Portugal, na Arena Fonte Nova, em Salvador, um torcedor abriu a Reichskriegsflagge, a bandeira de guerra da Alemanha Imperial, usada entre 1867 e 1921. A bandeira é proibida em praticamente toda a Alemanha e é usada como símbolo de grupos de extrema-direita.
Um dia depois, na partida entre Rússia e Coreia do Sul, na Arena Pantanal, em Cuiabá, um cartaz com símbolos neonazistas foi visto no estádio. O cartaz trazia o crânio da SS-Totenkopf, uma cruz celta e a bandeira da Rússia Imperial, todos usados pela extrema-direita. O mesmo ocorreu na partida entre Argélia e Rússia, em 26 de junho.
A Fare apontou ainda que as manifestações neonazistas não se limitaram aos estádios. Alguns grupos chegaram a divulgar fotos em locais como o Cristo Redentor, no Rio.
Apesar de todos esses casos, a entidade lamentou que a Fifa não tenha monitorado e punido os responsáveis. "É uma vergonha que a Fifa pareça ter fechado os olhos para os incidentes", declarou Piara Powar, diretor executivo da entidade.
A Fifa afirmou que chegou a investigar alguns dos casos apontados pela Fare, mas julgou que não poderia aplicar nenhum tipo de multa ou penalizar as seleções envolvidas.
Jeff Webb, presidente da Concacaf e um dos líderes do movimento de combate ao racismo no futebol, também atacou a passividade da Fifa. "Existe uma desconexão entre o discurso e a execução. É lamentável", disse o dirigente das Ilhas Cayman.
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