A Venezuela oficializou nesta terça-feira (31) sua incorporação ao Mercosul durante cúpula de presidentes em Brasília. A partir de hoje, o país deverá cumprir uma série de exigências do bloco, que deverão completar a adesão em 2016. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou que a entrada de seu país permitirá um desenvolvimento das economias da Venezuela e dos demais integrantes do bloco regional e que há uma confluência de interesses com a incorporação.

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"Fazia tempo que a Venezuela deveria ter entrado no Mercosul, mas todo tem o seu tempo e nossa entrada coincide com o próximo início de um ciclo político no nosso país. Nada melhor que isso, não só para o interesse venezuelano, mas também para o argentino, o brasileiro e o uruguaio. Há uma confluência."

Ele comparou a adesão à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições à Presidência do Brasil, em 2002, que "marcou uma mudança no rumo" do continente.

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"Acho que aquele dia é muito parecido com hoje. Tenho certeza de que, a partir de hoje, entramos em um período de aceleração da história que estamos construindo, da geografia, das mudanças políticas e profundas."

O mandatário considerou a entrada no bloco como a maior oportunidade da Venezuela nos últimos 200 anos. "Trata-se da maior oportunidade histórica nos 200 anos do país, que usava modelos de desenvolvimento que foram impostos e estava condenado ao subdesenvolvimento, ao atraso e à miséria."

Para Chávez, os críticos à incorporação venezuelana são os mesmos que aplaudiam a criação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), proposta pelos Estados Unidos no início dos anos 2000, mas que não entrou em vigor.

Dilma

Pouco antes, a presidente Dilma Rousseff enalteceu a entrada da Venezuela no bloco. No Palácio do Planalto, a presidente afirmou que o Brasil, na presidência temporária do grupo, tem como uma de suas responsabilidades conduzir iniciativas para enfrentar o "grave quadro da economia internacional". "O Brasil, na condução dos trabalhos do Mercosul neste semestre, tem responsabilidades acrescidas. Temos não apenas de manter o bom funcionamento do bloco mas também levar adiante, em coordenação com nossos países parceiros, iniciativas que possam contribuir para fazer face ao grave quadro da economia internacional", afirmou a presidente em discurso no Planalto.

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A presidente declarou ainda que o patrimônio dos países que compõem o bloco, acumulado durante a consolidação do mercado regional, se torna "ainda mais precioso" em um cenário de crise internacional.

Para Dilma, a entrada da Venezuela impõe ao Mercosul uma "nova etapa", com a soma de um PIB de U$ 3 trilhões entre os países, o que representa 83% do PIB da América do Sul.

De acordo com a presidente, a incorporação de mais um país "amplia as capacidades internas, reforça os recursos e abre oportunidades para vários empreendimentos" nos membros do bloco. Dilma destacou ainda que o Mercosul representará a quinta economia mundial --somados todos os países-- em um cenário onde Estados Unidos, China, Alemanha e Japão ocupam os quatro primeiros lugares. Participam do encontro, em Brasília, os presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Cristina Kirchner (Argentina) e José Mujica (Uruguai). O Paraguai foi suspenso do Mercosul após o episódio que culminou com o impeachment de Fernando Lugo. Ainda hoje, os presidentes participarão de um almoço no Itamaraty.