Alia Ghanem, mãe de Osama bin Laden, falou com a imprensa pela primeira vez em uma entrevista com o jornalista Martin Chulov, do jornal britânico The Guardian.
“Minha vida foi muito difícil porque ele estava tão distante de mim”, lamentou ela.
Com seus 70 e poucos anos, Ghanem lembrou com carinho dos primeiros anos do filho, que se tornaria o terrorista responsável pelos ataques que mataram quase três mil pessoas nos EUA há 17 anos. “Ele era uma criança muito boa e me amava muito”, disse.
A família de bin Laden mora em Jeddah, na Arábia Saudita. A cidade onde o terrorista nasceu e se criou é clã da família há décadas. Eles ainda são uma das famílias mais ricas do reino.
Ghanem concordou em conversar com Chulov em junho, após uma extensa negociação que envolveu a permissão do príncipe da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman.
Segundo o relato da mãe, Osama era um menino tímido que se tornou forte, determinado e devoto aos 20 e poucos anos, quando estudava economia na Universidade King Abdulaziz, em Jeddah, onde também se radicalizou. “Ele se tornou um homem diferente”, lembrou.
A mudança no comportamento ocorreu depois que Osama conheceu Abdullah Azzam, membro da Irmandade Muçulmana, que mais tarde foi exilado do país e se tornou o guia espiritual de Osama. Isso ocorreu por volta dos anos 1970.
“Ele foi uma criança muito boa até conhecer algumas pessoas que praticamente fizeram lavagem cerebral em seus 20 e poucos anos. Você pode chamar isso de culto. Eles conseguiram dinheiro para a causa deles. Eu sempre dizia a ele para ficar longe deles, e eu nunca admitiria o que ele estava fazendo, porque ele me amava tanto”, disse Ghanem, que, segundo os irmãos mais novos de Osama, ainda vive em negação sobre o que seu filho mais velho foi capaz de fazer.
No relato à Chulov, ela também contou que tinha orgulho do filho antes de ele se tornar um jihadista e que não passava pela sua cabeça tal transformação em sua vida. Quando ficou sabendo da radicalização de Osama, ela alegou que ficou extremamente chateada. “Por que ele jogaria tudo para o alto daquela maneira?”.
A última vez que a família diz tê-lo visto foi em 1999, quando foram visitá-lo em sua base em Kandahar, no Afeganistão.
De acordo com o Guardian, a relação da Arábia Saudita com a família Bin Laden é complicada, já que permanece influente, mas também é lembrança dos momentos mais sombrios no reino. Críticos da Arábia Saudita alegam que Osama tinha apoio do Estado, e as famílias de várias vítimas do 11 de setembro lançaram, sem sucesso, ações legais contra o reino. Quinze dos 19 sequestradores dos aviões usados no ataque eram da Arábia Saudita.