Enterro em massa de vítimas do ataque que matou 108 pessoas na cidade de Houla no fim de semana| Foto: Shaam News Network/AFP

Repressão

Jornalista brasileiro vai para o Líbano após ser libertado em Damasco

O jornalista brasileiro Klester Cavalcanti está em Beirute, no Líbano, segundo informações do Itamaraty. Ele chegou à capital libanesa por volta das 9h30 (horário de Brasília) de ontem, depois de o Itamaraty ter negociado sua saída do país com as autoridades sírias.

O jornalista foi preso e libertado na Síria, mas continuava sob vigilância do governo, segundo informações confirmadas pelo Itamaraty.

Cavalcanti estava na Síria pela revista "IstoÉ!". O jornalista é autor de vários livros e ganhou por duas vezes, em 2005 e 2007, o Prêmio Jabuti de Literatura.

O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, disse que Klester Cavalcanti foi preso por autoridades sírias porque não possuía documentação necessária para atuar como profissional da imprensa no país.

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Após um fim de semana de­­­­ sangrentos massacres na Sí­­ria, o enviado internacional Kofi Annan chegou ontem ao país pedindo "passos efetivos" ao regime do ditador Bashar Assad para pôr fim ao conflito de modo pacífico.

Mas Annan, que representa a ONU e a Liga Árabe, alertou também que "toda pessoa que tenha uma arma na mão" – sejam rebeldes ou forças leais ao regime – faça sua parte.

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"Vim à Síria em um momento crítico nessa crise", afirmou Annan, logo após sua chegada a Damasco, dizendo-se "chocado e horrorizado" pelos ataques recentes.

"Insto o governo a adotar medidas efetivas para sinalizar que está sério na intenção de resolver essa crise pacificamente e para que todos os envolvidos ajudem a criar o contexto correto pa­­ra um processo político crível. E essa mensagem de paz é não só para o governo, mas para todos com uma arma", disse.

Num sinal de que a pressão sobre Assad deve aumen­­tar, o chefe das Forças Ar­­ma­­­­das americanas, general­­ Mar­­tin Dempsey, afirmou que­­ os Estados Unidos devem­­ estar pre­­parados para agir mi­­litar­­mente "caso isso lhe se­­­­ja pedido".

"Há sempre uma opção mi­­litar. Sempre haverá líderes militares que serão cautelosos quanto ao uso de força porque nunca se tem total certeza do que vem do outro lado. Mas, isso dito, pode-se chegar a esse ponto com a Síria por causa das atrocidades", disse Dempsey.

O presidente François Hol­­­­lande (França) e o pre­­miê­­ David Cameron (Reino Uni­­do), por sua vez, tiveram­­ uma conversa por telefone em que concordaram agir jun­­tos para aumentar a pres­­são contra Assad. Eles mar­­caram uma nova reunião­­ do grupo de amigos da Síria, em Paris em data a ser anunciada.

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Estima-se que ao menos 108 pessoas, dentre elas 32 crianças, tenham sido mortas em massacre na cidade de Houla no fim de semana. Ontem, um bombardeio contra o reduto rebelde de Hama deixou ao menos outros 41 mortos, incluindo oito crianças.

As autoridades sírias responsabilizaram militantes islamitas pelo massacre em­­ Houla. Em carta ao Conselho de Segurança da ONU, o governo disse que o Exército sírio estava em "estado de autodefesa contra grupos terroristas armados", que teriam cometido o massacre.

Patriota defende formação de grupo para investigar mortes

O ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) afirmou ontem que o Brasil está "preocupado" diante do massacre ocorrido em vilarejo da Síria no fim de semana e disse que os observadores das Na­­ções Unidas devem apurar o episódio.

"A ideia é que seja estabe­­lecido um grupo de investigação para apurar exatamente as responsabilidades em relação a essa matança ocorrida há poucos dias em Houla", afirmou o chanceler sobre mas­­sacre de 108 pessoas na cidade (distante 30km do centro de Homs), entre elas ao menos 32 crianças.

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O chanceler tratou do assunto em conversa por telefone com o encarregado de negócios brasileiro em Da­­masco, Bruno Carrilho.

"Estamos muito abalados, preocupados com a situação decorrente dessas mortes", completou Patriota.

No domingo, o Conselho de Segurança da ONU condenou o massacre, e pediu ao governo do ditador Bashar Assad que retire tropas e armas pesadas de centros residenciais.

De acordo com ativistas, os ataques começaram como resposta das forças de Assad a um protesto contra a presença do Exército da Síria na região. O governo sírio aponta "grupos terroristas armados" como responsáveis pelas mortes. Em outros ataques ocorridos anteriormente, Damasco também acusou terroristas.