O mediador internacional Lakhdar Brahimi se encontrou com o primeiro-ministro da Síria Walid al-Moualem, em Damasco, neste sábado (20), num esforço para garantir um breve cessar-fogo entre as forças do presidente Bashar al-Assad e os rebeldes.
Brahimi pediu por um cessar-fogo durante o feriado islâmico na próxima semana para deter o derramamento de sangue em um conflito que já dura 19 meses, o qual ativistas dizem que já matou pelo menos 30 mil pessoas -- e mais 220 na sexta-feira.
O ministro de Relações Exteriores da Síria disse que as conversas foram "construtivas e sérias" e que Brahimi e Moualem discutiram "formas objetivas e realistas de parar com a violência em ambos os lados, para preparar o terreno para um diálogo compreensivo entre os sírios".
Ele adicionou que o diálogo, no lugar da intervenção internacional, era a única forma de resolver a crise.
A Síria, até agora, tem dado uma resposta defensiva à proposta de cessar-fogo de Brahimi, sugerindo que quer garantias de que os rebeldes irão retribuir da mesma forma qualquer movimento por parte de Assad.
Brahimi, enviado conjunto da ONU e da Liga Árabe, viaja pela região com o objetivo de convencer os principais defensores de Assad e seus adversários a apoiarem uma trégua durante o festival islâmico de Eid al-Adha na quinta-feira próxima.
O ministro de Relações Exteriores turco, Ahmet Davutglu, apelou para todos os lados respeitarem o cessar-fogo de três ou quatro dias. Irã, um dos principais apoiadores de Assad, também apoiou a chamada, mas acrescentou que o principal problema na Síria foi interferência estrangeira, como em armar os rebeldes.
Os Estados Unidos, país que tem sido crítico veemente de Assad, mas tem pouca influência aparente no território, pediu o cessar-fogo na sexta-feira.
"Pedimos ao governo sírio para parar todas as operações militares e pedimos que as forças de oposição sigam o exemplo", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.
Um cessar-fogo em abril fracassou depois de apenas alguns dias, com um lado culpando o outro. O mediador Kofi Annan renunciou ao posto diante da frustração, poucos meses depois.
A violência se alastrou para além das fronteiras da Síria. Forças de Assad trocaram fogo com a Turquia várias vezes neste mês, e na sexta-feira um carro-bomba em Beirute matou um oficial da inteligência, cujas investigações levaram a Síria a tentar atiçar a violência em solo libanês.