O novo enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio do presidente Barack Obama, George Mitchell, voltou suas atenções nesta quinta-feira (29) para o governo palestino na Cisjordânia, na tentativa de apoiar o cessar-fogo na Faixa de Gaza e recomeçar amplas negociações de paz. Mitchell foi visto entrando no centro de operações do presidente palestino, Mahmoud Abbas, na cidade de Ramallah e tem agendado para mais tarde um encontro com o primeiro-ministro Salam Fayyad. Ele não vai se encontrar com integrantes do Hamas, que está na lista de grupos terroristas dos EUA, de Israel e da União Europeia (UE).
Mitchell teve na quarta-feira (28) sua primeira rodada de conversas com líderes regionais no Cairo e em Jerusalém, para determinar os próximos passos que a administração Obama irá seguir em relação à retomada das negociações de paz, após a ofensiva militar israelense contra o Hamas, que governa a Faixa de Gaza. Porém, uma explosão de violência na região demonstrou uma prioridade imediata, de apoio ao cessar-fogo de dez dias.
Os palestinos dispararam um foguete em direção a Israel na manhã desta quinta-feira e moradores da cidade de Khan Younis, sul da Faixa de Gaza, disseram que um ataque israelense feriu um homem que dirigia um motocicleta e cinco pedestres, dentre eles crianças que voltavam da escola para casa. O Exército de Israel informou que o motociclista era um alvo porque estava envolvido num ataque a bomba, ocorrido terça-feira, na fronteira entre Israel e Faixa de Gaza, que matou um soldado israelense e feriu outros três.
Depois das conversas em Jerusalém, com o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert, Mitchell disse que a consolidação do cessar-fogo é "de crucial importância". Ele afirmou que uma trégua de longo prazo deve ser baseada no "fim do contrabando e na reabertura dos postos de fronteira" para a Faixa de Gaza. A visita de Mitchell ao Oriente Médio acontece apenas uma semana depois de Obama ter tomado posse, sinalizando que a nova administração deseja fazer da região uma prioridade. Mitchell não falou sobre detalhes de suas reuniões e não há entrevistas coletivas agendadas para o período de sete dias de sua viagem.
Num encontro na noite de ontem, a ministra de Relações Exteriores de Israel, Tzipi Livni, disse a Mitchell que apenas um acordo de paz que garanta a segurança de Israel poderia conquistar a provação da população de seu país. "Para que as negociações de paz tenham sucesso, Israel precisa continuar sua guerra contra o terror onde quer que ele exista e seja direcionado contra nós", afirmou ela, segundo seu escritório.
Mitchell disse que os postos de fronteira deveriam ser abertos com base num acordo de 2005, intermediado pelos EUA, que colocou a principal passagem entre o Egito e a Faixa de Gaza sob a administração da Autoridade Palestina (AP), de Abbas, com monitores europeus no local para evitar o contrabando. No entanto, o Hamas quer participação na administração dos postos de fronteira em reconhecimento ao seu poder no território.
Libertação de soldado
Olmert afirmou a Mitchell que o poder do Hamas em Gaza "precisa diminuir" e que Abbas necessita "ganhar apoio" na Faixa de Gaza, segundo um auxiliar do primeiro-ministro israelense, que falou sob condição de anonimato. Olmert disse que os postos de fronteira "só serão abertos permanentemente" depois da libertação do soldado israelense Gilad Schalit, capturado na Faixa de Gaza em junho de 2006, disse o auxiliar.
Ainda ontem, no Catar, o líder supremo do Hamas, Khaled Meshal, afirmou que o grupo não vai ligar a abertura dos postos de fronteira à libertação do soldado. O Hamas quer que Israel solte centenas de prisioneiros palestinos em troca de Schalit.
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