Os palestinos reiteraram nesta terça-feira sua ameaça de abandonar as negociações com Israel se o Estado judeu retomar a ampliação de seus assentamentos em territórios ocupados. Ao mesmo tempo, o enviado especial do governo norte-americano tenta salvar o processo de paz retomado no começo de setembro, após um hiato de 20 meses.
"É claro que não queremos encerrar as negociações, queremos continuar. Mas se a colonização continuar, seremos forçados a encerrá-las", disse o presidente palestino, Mahmoud Abbas, à rádio Europe 1.
"Vamos esperar até depois de uma reunião entre os palestinos e de uma reunião de um fórum árabe em 4 de outubro (...). Então, (o primeiro-ministro de Israel, Benjamin) Netanyahu tem uma semana para decidir (se prorroga a moratória na construção dos assentamentos)."
George Mitchell, representante especial do governo de Barack Obama para o Oriente Médio, deve se reunir nesta terça-feira com o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, em Tel Aviv, Nos próximos dias, ele deve conversar também com Abbas e Netanyahu.
A moratória unilateral na ampliação dos assentamentos, que Israel havia aceitado dez meses atrás, sob pressão dos EUA, expirou na segunda-feira, e Netanyahu rejeitou os apelos de Obama e de outros líderes estrangeiros para prorrogá-la.
O negociador palestino, Nabil Shaath, disse que "na realidade, não há negociações" no momento -- algo que o Departamento de Estado dos EUA já havia admitido na segunda-feira.
Ele sugeriu que a viagem de Mitchell poderia servir para que "os israelenses reavaliem sua posição e vejam que o mundo inteiro está contra a continuidade das atividades nos assentamentos".
"Não haverá negociações até que Israel suspenda os assentamentos", insistiu. "Queremos dar aos israelenses e aos norte-americanos alguns dias (para resolver a questão)."
Netanyahu pede que os colonos sejam moderados, mas não quer se indispor com aliados políticos ligados à questão dos assentamentos, que são construídos em territórios ocupados -- Cisjordânia e Jerusalém Oriental --, que os palestinos reivindicam como parte do seu eventual Estado.
Vários assentamentos iniciaram obras depois do fim da moratória, mas por enquanto não há sinais de grandes obras habitacionais -- o que pode acontecer na semana que vem, quando termina um feriado prolongado judaico.
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