Um representante dos Estados Unidos disse nesta segunda-feira que a China pode anunciar em breve uma data para a retomada das negociações entre seis países sobre o programa nuclear da Coréia do Norte e que vê uma base para progresso.
A China é a anfitriã das negociações entre as duas Coréias, os EUA, o Japão e a Rússia, que começaram em 2003 com o objetivo de convencer Pyongyang a abandonar suas ambições nucleares. A última sessão, em dezembro, terminou sem conclusões.
``Esperamos que o governo chinês possa anunciar em breve o reinício das negociações'', disse o secretário-assistente de Estado dos EUA Christopher Hill a repórteres antes de voltar para Washington, acrescentando que Pequim terá que consultar outros países participantes antes de estabelecer uma data.
A urgência de avançar com as negociações cresceu desde que o país comunista desafiou as advertências internacionais e conduziu seu primeiro teste nuclear, em outubro, provocando sanções da ONU.
A sessão de dezembro parecia estar fazendo progresso nos debates sobre como implementar o comunicado de 2005 prometendo incentivos econômicos e políticos para a Coréia do Norte em troca do desarmamento nuclear.
Mas as perspectivas não se realizaram. Hill culpa o insistente foco dos negociadores de Pyongyang nas restrições financeiras dos EUA e em sua falta de autoridade para negociar um acordo nuclear.
CONGELAMENTO
Hill sugeriu nesta segunda-feira que as barreiras serão retiradas nas próximas negociações, depois dos três dias de debates bilaterais em Berlim, na semana passada, com o enviado norte-coreano, Kim Kye-gwan.
``Com base em todas as consultas que fiz na última semana, acho que temos uma base para nos reunirmos o mais rápido possível no processo entre seis partes e fazer progresso'', disse ele a repórteres depois de reunião com Wu Dawei, negociador-chefe da China. Mas ele advertiu que não há certeza de avanço.
O enviado sul-coreano, Chun Yung-woo, que chegou a Pequim nesta segunda-feira, disse que não descarta um encontro com Kim, que também desembarcou no país.
``Até agora, não tenho planos. Mas como estamos no mesmo lugar, ao mesmo tempo, se sentirmos ser necessário podemos pensar nisso'', disse a repórteres.
Segundo um jornal sul-coreano desta segunda-feira, a Coréia do Norte ofereceu durante as negociações em Berlim congelar as atividades de seu reator nuclear e permitir a volta das inspeções internacionais em troca de ajuda energética.
Mas a Coréia do Norte exigiu também mais flexibilidade dos EUA nas sanções financeiras, como parte dos primeiros passos para acabar com seu programa de armas, disse o jornal Chosun Ilbo, citando fontes diplomáticas em Seul e Pequim.
Hill disse que o teste de um míssil anti-satélite realizado por Pequim neste mês, que destruiu um satélite chinês, provocando alarme em Washington, não vai interferir nas negociações.
Negociadores financeiros de Washington e Pyongyang devem reunir-se em breve para uma nova rodada sobre as restrições norte-americanas, que foram impostas depois Washington identificou que os norte-coreanos estavam falsificando dinheiro dos EUA e usando um banco de Macau como canal para arrecadação ilícita.
O ministro do Exterior do Japão, Taro Aso, disse no domingo que a data para a retomada das negociações será no início de fevereiro, segundo a agência de notícias Kyodo.
Kim conversou no domingo em Moscou com o negociador russo, Alexander Losyukov, sobre as perspectivas de resolução da disputa, disse o ministério do exterior da Rússia.