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Crise humanitária

Enviado especial dos EUA ao Haiti critica deportações e renuncia

Acampamento na fronteira entre Estados Unidos e México está com cerca de 4 mil migrantes haitianos nesta quinta-feira (Foto: EFE/EPA/ALLISON DINNER)

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O enviado especial dos Estados Unidos ao Haiti, Daniel Foote, renunciou ao cargo nesta quinta-feira (23), por meio de uma carta em que criticou o governo do presidente Joe Biden pela deportação de migrantes do país caribenho acampados na região de uma ponte que liga o México à cidade texana de Del Rio.

“Não serei associado à decisão desumana e contraproducente dos Estados Unidos de deportar milhares de refugiados haitianos e imigrantes ilegais”, afirmou Foote no comunicado dirigido ao secretário de Estado Antony Blinken, mas que circulou publicamente nesta quinta-feira. Na carta, Foote ainda criticou o governo americano por ter ignorado recomendações que ele fez como enviado especial ao Haiti.

“Nossa abordagem política para o Haiti permanece profundamente falha, e minhas recomendações políticas foram ignoradas e rejeitadas, quando não editadas para projetar uma narrativa diferente da minha”, argumentou.

Em comunicado, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, não comentou a remoção dos migrantes haitianos, mas negou que as recomendações de Foote tenham sido ignoradas – ele alegou que foram analisadas e rejeitadas.

“Algumas dessas propostas foram consideradas prejudiciais ao nosso compromisso de promover a democracia no Haiti, e foram rejeitadas”, apontou Price. “O papel do gabinete do presidente e dos seus conselheiros é dar ao presidente o melhor conselho possível. Nenhuma ideia é ignorada, mas nem todas as ideias são boas ideias”, acrescentou.

Segundo informações da agência Reuters, autoridades do Departamento de Segurança Interna informaram nesta quinta-feira que os Estados Unidos já deportaram mais de 1,4 mil migrantes da região de Del Rio e removeram mais de 3,2 mil pessoas para processamento fora do acampamento.

A maior concentração de migrantes no local foi estimada em 15 mil pessoas, na semana passada, quando a crise humanitária ganhou atenção mundial. Ainda segundo a Reuters, nesta quinta-feira há cerca de 4 mil migrantes no local – além das deportações e liberações, parte dos haitianos deixou o local por conta própria, por temer ser enviada para o país caribenho.

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