O Irã permitiu a visita de um grupo de enviados da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU à sua usina de enriquecimento de urânio Natanz, num sinal de transparência sobre suas atividades nucleares, disse o canal de televisão estatal no domingo (16).
Os enviados eram em sua maioria de países em desenvolvimento. Outros especialistas do Ocidente, da Rússia ou da China ou não foram convidados ou recusaram o convite. Alguns justificaram a ausência dizendo que tais visitas deveriam ser feitas por inspetores da ONU e não podem substituir negociações para resolver um impasse sobre as atividades nucleares do Irã.
Natanz e o reator de água pesada incompleto de Arak estão no cerne de uma discussão internacional sobre o programa nuclear do Irã, que Teerã afirma ter motivação pacífica mas que o Ocidente suspeita ser na verdade um subterfúgio para desenvolver armas atômicas.
"O objetivo desta visita é para esclarecer as coisas à América e a alguns outros países que estão tentando distorcer os fatos das atividades nucleares pacíficas do Irã", disse Ali Asghar Soltanieh, o embaixador do Irã na AIEA.
"Foi uma iniciativa para mostrar a transparência de nossas atividades... E que a propaganda contra nosso trabalho não tem fundamento", disse ele, segundo o canal de TV estatal.
Não está claro se os enviados tiveram acesso à seção de centrifugação subterrânea de Natanz.
O Irã nega qualquer intenção de produzir urânio de grau para produção de armas, dizendo que quer apenas combustível para uma futura rede de usinas nucleares.
Na Noruega, um jornal citou comunicações diplomáticas norte-americanas dizendo que o Irã tem desenvolvido contatos em mais de 30 países para adquirir tecnologia, equipamento e matérias-primas para construir uma bomba atômica.
O jornal Aftenposten disse que, de acordo com as comunicações, obtidas no WikiLeaks, mais de 350 empresas e organizações iranianas estavam envolvidas no esforço entre 2006 e 2010.
Ocidente não é bem-vindo
O Irã esnobou Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha ao deixar de convidar seus embaixadores à AIEA para a visita da usina. Os enviados haviam visitado o complexo de Arak no sábado.
A China e a Rússia recusaram a oferta a pedido de diplomatas ocidentais, que disseram que o convite é uma tentativa do Irã de dividir as seis potências que estão tentando com sanções e negociações controlar o programa nuclear do Irã.
A próxima rodada de negociações será em Istambul em 21 e 22 de janeiro. Analistas dizem que o convite seletivo pode ter sido uma tentativa de quebrar a harmonia recente entre os EUA e países da União Europeia e a China e a Rússia sobre como abordar a questão nuclear no Irã.
Soltanieh discordou, dizendo que a visita era simplesmente para reduzir a desconfiança em relação ao programa nuclear do Irã. "Os países que não participaram perderam uma grande oportunidade", disse ele.
Há pouca expectativa de um avanço significativo nas negociações de Istambul depois que a primeira rodada em Genebra no mês passado resultaram em pouco progresso. O Irã repetidamente diz que não pretende parar o enriquecimento de urânio, que o país chama de um direito soberano.
"O tempo está do nosso lado nas negociações (com as seis potências), e não do lado dos países ocidentais", disse à TV estatal o ministro das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, que também é o chefe da organização de energia atômica iraniana.
Salehi havia dito no sábado que as atividades de enriquecimento do país islâmico estavam "avançando fortemente".
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