Porto Príncipe - O governo do Haiti anunciou ontem que uma epidemia de cólera é responsável pelas mortes e internações em diversas regiões do interior do país. Desde quinta-feira da semana passada, pelo menos 165 pessoas morreram e cerca de 2 mil estão internadas, segundo a ONU.
A maior parte das vítimas é de áreas predominantemente rurais, repletas de acampamentos para desabrigados e onde a ajuda humanitária demora a chegar.
O anúncio foi feito pelo presidente René Préval e depois detalhado por Gabriel Thimothe, diretor do Ministério da Saúde.
"Nós estamos temendo isso desde o terremoto", disse Robin Mahfood, presidente da Food for the Poor, entidade que prepara voos com doações de antibióticos, sais para os desidratados e outros suprimentos.
De acordo com Thimothe, exames laboratoriais confirmaram que os sucessivos quadros de diarreia aguda foram provocados por cólera. Há décadas não ocorria uma epidemia de cólera no Haiti, segundo o Centro para Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos.
Atendimento em massa
Muitos dos doentes foram até o Hospital St. Nicholas, na cidade costeira de Saint Marc, onde centenas de pacientes com desidratação repousavam sobre cobertas em um estacionamento do hospital, recebendo medicamentos intravenosos em seus braços enquanto esperavam por outros tratamentos.
O ministério acredita que a alta incidência de casos tem relação direta com a temporada de chuvas, que levou fezes humanas dos acampamentos para os afluentes do rio Artibonite, que corta as duas áreas afetadas.
Mortes já foram registradas em Croix-des-Bouquets, periferia da capital Porto Príncipe. O governo reforçou as recomendações para a população não consumir água do Artibonite.
A cólera do tipo um o mais perigoso é provocada por uma bactéria que se multiplica no intestino, e sua transmissão ocorre pela ingestão de água contaminada por dejetos humanos.
Caminhões com medicamentos e médicos deixaram Porto Príncipe com destino à cidade de Saint Marc, a mais atingida.