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Pacientes e familiares aguardam ajuda no Hospital Saint Nicolas, ao norte de Porto Príncipe | Thony Belizaire/AFP
Pacientes e familiares aguardam ajuda no Hospital Saint Nicolas, ao norte de Porto Príncipe| Foto: Thony Belizaire/AFP

Porto Príncipe

ONG brasileira centraliza atendimentos

De acordo com informações da missão de pacificação da ONU no Haiti (Minustah, comandada pelo Brasil), os mortos pelo surto de cólera já chegavam a 165 na tarde de ontem, enquanto o governo haitiano confirmava 138 óbitos.

Restrita nos primeiros dias à região central e norte do país, com maior incidência em Saint-Marc, a epidemia já chegou à capital Porto Príncipe e contaminou 2 mil pessoas em todo o território, conforme relatou à Gazeta do Povo o embaixador brasileiro em Porto Príncipe, Igor Kipman.

Pela ausência de um hospital com capacidade para receber todos os doentes da cidade – o hospital central ruiu com o terremoto de janeiro –, o governo pediu à ONG brasileira Viva Rio, que tem sede no bairro de Bel Air, que centralize o atendimento.

"Não apenas o atendimento, mas também orientações à população, já que a cólera tem muita relação com a falta de higiene", diz o embaixador Igor Kipman.

A embaixada deverá ceder ainda duas ambulâncias para uso durante a epidemia, e o governo brasileiro deveria decidir na noite de ontem pelo envio de purificadores de água.

Helena Carnieri

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Porto Príncipe - O governo do Haiti anunciou ontem que uma epidemia de cólera é responsável pelas mortes e internações em diversas regiões do interior do país. Desde quinta-feira da semana passada, pelo menos 165 pessoas morreram e cerca de 2 mil estão internadas, segundo a ONU.

A maior parte das vítimas é de áreas predominantemente ru­­rais, repletas de acampamentos para desabrigados e onde a ajuda humanitária demora a chegar.

O anúncio foi feito pelo presidente René Préval e depois detalhado por Gabriel Thimothe, diretor do Ministério da Saúde.

"Nós estamos temendo isso desde o terremoto", disse Robin Mahfood, presidente da Food for the Poor, entidade que prepara voos com doações de antibióticos, sais para os desidratados e outros suprimentos.

De acordo com Thimothe, exames laboratoriais confirmaram que os sucessivos quadros de diarreia aguda foram provocados por cólera. Há décadas não ocorria uma epidemia de cólera no Haiti, segundo o Centro para Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos.

Atendimento em massa

Muitos dos doentes foram até o Hospital St. Nicholas, na cidade costeira de Saint Marc, onde centenas de pacientes com desidratação repousavam sobre cobertas em um estacionamento do hos­­pital, recebendo medicamen­­tos intravenosos em seus braços enquanto esperavam por outros tratamentos.

O ministério acredita que a alta incidência de casos tem relação direta com a temporada de chuvas, que levou fezes humanas dos acampamentos para os afluentes do rio Artibonite, que corta as duas áreas afetadas.

Mortes já foram registradas em Croix-des-Bouquets, periferia da capital Porto Príncipe. O governo reforçou as recomendações para a população não consumir água do Artibonite.

A cólera do tipo um – o mais perigoso – é provocada por uma bactéria que se multiplica no in­­testino, e sua transmissão ocorre pela ingestão de água contaminada por dejetos humanos.

Caminhões com medicamentos e médicos deixaram Porto Príncipe com destino à cidade de Saint Marc, a mais atingida.

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