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América Latina

Equador avança negociação com EUA e desafia Venezuela e Bolívia

O Equador pediu formalmente aos Estados Unidos uma data para a última rodada de negociações sobre o Tratado de Livre Comércio, desafiando os apelos de Venezuela e Bolívia para que não leve esse projeto adiante, sob pena de pôr fim à Comunidade Andina de Nações (CAN).

O Equador informou na quinta-feira que enviou uma carta aos EUA depois de a Bolívia anunciar que seguiria o exemplo da Venezuela e abandonaria a CAN caso Peru, Colômbia e Equador levem adiante o acordo comercial com a maior economia do mundo.

Quito e Washington decidiram retomar as negociações em abril, mas os Estados Unidos voltaram atrás no compromisso, alegando que antes o Equador deveria resolver vários problemas legais e jurídicos que atingem empresas norte-americanas no país, especialmente as de petróleo.

"Conhecedores da vontade dos EUA de chegar à conclusão deste processo, solicitamos que se confirme, dentro da sua mais pronta conveniência, a data para o nosso próximo encontro, que esperamos seja o último", disse o Equador na carta ao representante comercial norte-americano.

O Tratado de Livre Comércio pode ser vital para o Equador, pois os EUA são o destino de 50 por cento das suas exportações. Já os demais países da CAN recebem apenas 15 por cento das vendas equatorianas.

Venezuela e Bolívia consideram que os Tratados de Livre Comércio violariam os acordos existentes no organismo subregional e permitiriam a entrada de produtos norte-americanos nesses países.

"Um tratado com os Estados Unidos é muito mais importante para o Equador do que a CAN", disse Liliana Rojas Suárez, analista do Centro para o Desenvolvimento Global, em Washington. "O Equador não pode sucumbir à pressão política da Venezuela."

Em um sinal da aguda crise no bloco comercial mais antigo da América, a Bolívia firmará no sábado em Havana um acordo comercial com Cuba e Venezuela, que está sendo chamado de "acordo dos povos", num contraponto às iniciativas de Quito, Lima e Bogotá junto a Washington.

Conforme se adia o reinício das negociações, diminui o prazo necessário para que os Congressos do Equador e dos EUA aprovem o tratado, que deve substituir um sistema de preferências tarifárias concedido por Washington a Quito como recompensa por seus esforços contra o narcotráfico.

Os EUA pararam a negociação por discordarem da aprovação de uma Lei de Combustíveis no Equador, que taxa em pelo menos 50 por cento os enormes lucros das empresas petrolíferas estrangeiras.

"As regras do jogo sobre investimento estrangeiro não estão claras, e, enquanto não estejam, os Estados Unidos não estarão dispostos a apoiar um tratado de maneira rápida", disse Rojas.

A polêmica reforma foi rejeitada pelas companhias petrolíferas, que chegaram a apontá-la como um ataque aos seus direitos e ameaçaram com processos judiciais para neutralizá-la.

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