O presidente do Equador, Rafael Correa, deu nesta segunda-feira (23) forte apoio ao seu colega paraguaio nas alegações contra o Brasil sobre a revisão do tratado da hidrelétrica binacional de Itaipu.
Correa disse que o presidente Luis Inácio Lula da Silva deveria levar em conta uma recente crise com seu país devido a um conflito com a construtora Odebrecht para levar as negociações com o vizinho paraguaio na melhor maneira possível.
Sob a administração do presidente Fernando Lugo, o Paraguai iniciou uma ofensiva para alterar o preço da energia de Itaipu paga pelo Brasil, estipulado no tratado vigente até 2023, considerado muito inferior ao do mercado.
"Creio que o Paraguai tem todo o direito de solicitar a revisão destes contratos. Nunca toquei neste assunto com o presidente Lula e creio que ele é muito aberto a todas as revisões", disse Correa em uma coletiva de imprensa em Assunção.
"Além disso, com base no que aconteceu no Equador, creio que houve certo exagero por parte do governo brasileiro (...) creio que baseado nesta experiência, as conversas com o Paraguai serão levadas da melhor maneira", acrescentou o presidente.
O Brasil retirou seu embaixador em novembro de 2008 após a decisão do Equador de suspender o pagamento de um empréstimo concedido pelo BNDES, classificado de ilegal, e submetê-lo a arbitragem internacional.
O empréstimo foi destinado a construção de uma hidrelétrica pela brasileira Odebrecht.
Correa disse que o Brasil atuou de maneira precipitada ao retirar seu diplomata, que logo retornou a Quito.
"O Brasil se deu conta que talvez houve uma precipitação e que nós estávamos atuando seguindo estritamente nosso direito", disse.
O presidente equatoriano é o primeiro chefe de Estado a visitar Lugo em seus sete meses de mandato, durante os quais foi formada uma comissão técnica paraguaio-brasileira para levar adiante as negociações energéticas.
Funcionários paraguaios afirmaram que se as negociações sobre Itaipu - considerada a central mais potente do mundo - fracassarem, poderão levar o caso a uma arbitragem internacional.
Lugo e Lula haviam planejado encontro em 8 de abril em Brasília, mas a reunião foi adiada até o dia 29 do mesmo mês para ajustes sobre os tópicos a serem discutidos, disse um porta-voz do governo em Assunção.