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Crise diplomática

Equador declara embaixadora mexicana “persona non grata” após Obrador questionar vitória de Noboa nas eleições

Daniel Noboa, presidente do Equador: país vive crise diplomática com o México nos últimos meses (Foto: EFE/José Jácome)

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O governo do Equador anunciou nesta quinta-feira (4) que declarou a embaixadora mexicana em Quito, Raquel Serur, "persona non grata" em resposta às declarações feitas pelo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, sobre o assassinato do ex-candidato presidencial equatoriano Fernando Villavicencio e as aparentes consequências eleitorais do crime.

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Equador invocou o princípio de "não intervenção" nos assuntos internos de outro país e a Convenção de Viena para tomar a medida diplomática que envolve a saída da embaixadora do país.

A pasta indicou que o país sul-americano ainda está "de luto" pelo crime, que aconteceu em agosto do ano passado, quando o então candidato à presidência saía de um comício eleitoral em um bairro movimentado do norte de Quito, em plena luz do dia.

Em uma entrevista coletiva em seu país, o presidente mexicano fez comentários sobre as consequências do assassinato de Villavicencio no contexto das eleições presidenciais do ano passado no Equador, sugerindo que o caso contribuiu com a vitória do atual mandatário, o empresário Daniel Noboa.

López Obrador afirmou que, para ele, o assassinato de Villavicencio foi particularmente prejudicial para Luisa González, candidata presidencial do movimento Revolução Cidadã, liderado pelo ex-presidente esquerdista Rafael Correa (2007-2017).

O chefe do governo mexicano afirmou que há uma responsabilidade social no contexto de situações de violência e disse que a imprensa também não está isenta disso. "No contexto das recentes e muito infelizes declarações do presidente do México", o governo equatoriano "decidiu declarar como 'persona non grata' a embaixadora mexicana em Quito, invocando o artigo 9º da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas", informou o Ministério das Relações Exteriores.

A chancelaria disse que "o Equador ainda está de luto" pelo assassinato de Villavicencio, um crime que "chocou a sociedade equatoriana e minou a democracia, a paz e a segurança".

"O país continua a enfrentar o crime organizado transnacional que ameaça o Estado, suas instituições democráticas e sua população", acrescentou.

O Ministério enfatizou que manterá seu "firme compromisso de garantir permanentemente o respeito à dignidade e à soberania do Estado equatoriano e ao princípio fundamental de não intervenção nos assuntos internos de outros Estados".

O assassinato de Villavicencio elevou a níveis sem precedentes a onda de violência que vem varrendo o Equador nos últimos três anos e chegou à marca de 45 homicídios por 100 mil habitantes em 2023.

A crise diplomática entre os dois países começou quando o ex-vice-presidente euqatoriano Jorge Glas, condenado por corrupção, buscou refúgio na Embaixada do México em Quito e solicitou asilo político. No início de março, o México não autorizou a entrada da Polícia na sede diplomática para prender o antigo "número dois" de Rafael Correa.

Em 8 de janeiro deste ano, Noboa decretou estado de emergência em todo o país devido aos altos níveis de insegurança e declarou uma situação de "conflito armado interno", na qual 22 grupos do crime organizado foram definidos como "terroristas".

A espiral de violência no Equador foi desencadeada logo após Noboa anunciar sua decisão de lançar um plano para recuperar o controle das prisões, muitas delas dominadas internamente por grupos criminosos, cujas rivalidades deixaram mais de 450 detentos mortos desde 2020 em uma série de massacres entre eles.

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