O Equador está disposto a negociar sobre o destino de Julian Assange caso a Grã-Bretanha retire a ameaça de invadir sua embaixada em Londres, onde o fundador do WikiLeaks procurou refúgio, disse o presidente Rafael Correa na terça-feira (21).
O Equador ficou indignado com a ameaça velada britânica de entrar na embaixada para prender o ex-hacker que está tentando evitar a extradição para a Suécia, onde é procurado pela Justiça para responder sobre acusações de estupro e agressão sexual.
Correa ofereceu asilo a Assange e pediu à Grã-Bretanha para deixá-lo sair da embaixada e viajar para o país sul-americano. O presidente equatoriano afirmou que Assange, que está no prédio há nove semanas, é bem-vindo a ficar "indefinidamente", mas também disse que está aberto a discussões.
"Apesar da declaração rude, impertinente e inaceitável ainda estamos abertos ao diálogo", disse Correa a jornalistas na cidade costeira de Guayaquil.
"Nós não esperamos uma desculpa, mas é claro que esperamos que a Grã-Bretanha retrate-se pelo gravíssimo erro que fez quando emitiu a ameaça de que poderia violar a nossa missão diplomática para prender o sr. Julian Assange."
Ministros das Relações Exteriores de toda a América Latina apoiaram a posição do Equador na disputa diplomática com a Grã-Bretanha.
Correa diz que compartilha os temores de Assange de que da Suécia ele possa ser extraditado para os Estados Unidos e enfrentar acusações lá. Seu site WikiLeaks publicou uma enxurrada de documentos secretos diplomáticos dos EUA em 2010 que expôs o poder de influência de Washington em todo o mundo.
O Equador disse que pode levar a disputa sobre Assange ao Tribunal Internacional de Justiça, em Haia.
Desde que assumiu o cargo em 2007, Correa tem frequentemente combatido jornalistas a quem ele acusa de tentar minar seu governo. Críticos na mídia o acusam de amordaçar a imprensa e de se comportar como um autocrata.