O candidato à presidência do Equador Guillermo Lasso durante comício final de sua campanha em Quito, 3 de fevereiro| Foto: RODRIGO BUENDIA / AFP
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O Equador realiza neste domingo (7) o primeiro turno de suas eleições presidenciais, além de escolher integrantes do Legislativo. O nome favorito na disputa pelo comando do Executivo é o esquerdista Andrés Arauz, um crítico do acordo fechado no ano passado pelo país com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Pouco atrás, segundo as pesquisas, o conservador Guillermo Lasso tem boas chances de chegar ao segundo turno, de acordo com as sondagens, mas qualquer resultado não deve significar reviravolta nas delicadas finanças locais.

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Para vencer em primeiro turno no país, o candidato precisa obter mais de 50% dos votos, ou 40% e uma vantagem de 10 pontos porcentuais sobre o segundo colocado. Caso isso não ocorra, o segundo turno está marcado para 11 de abril.

O Equador, como era de se esperar, também sofre com a pandemia da Covid-19, tendo inclusive protagonizado em parte do ano passado cenas dramáticas com o colapso do sistema de saúde em Guayaquil, "pérola do Pacífico" que é sua capital econômica. Em uma população de pouco mais de 17 milhões de habitantes, houve cerca de 15 mil mortes pela doença confirmadas.

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Em 2020, o FMI projeta que o país tenha sofrido contração de 11%. Para 2021, a expectativa do Fundo é de crescimento de 4,8%. A economia equatoriana é dolarizada desde 2000, quando as autoridades tentaram com isso interromper um processo de forte desvalorização do sucre equatoriano. Mesmo antes da pandemia o país já apresentava problemas e havia fechado um acordo com o FMI em 2019. Em setembro de 2020, firmou um segundo pacto com o Fundo, com um montante de US$ 6,5 bilhões. No ano passado, o país obteve ainda uma reestruturação de mais de US$ 17 bilhões com credores privados.

Na política, o presidente de centro-esquerda Lenín Moreno tem índices muito baixos de aprovação – a sua popularidade chegou a 7% no final de seu mandato, segundo o instituto de pesquisa Click Report. Aliado do ex-presidente Rafael Correa num primeiro momento, Moreno rompeu com o antecessor, que hoje vive na Bélgica – Correa tem dupla cidadania e foi condenado no ano passado a oito anos de prisão por corrupção no Equador, num processo que ele afirma ser perseguição política.

Os principais candidatos

Andres Arauz, candidato à presidência do Equador pelo partido "União pela Esperança" em evento de campanha em Quito, 26 de janeiro| Foto: RODRIGO BUENDIA / AFP

Nesse contexto de crise de saúde, econômica e política, o país realiza seu primeiro turno presidencial. Ex-ministro de Correa, o economista Andrés Arauz, 35, do partido União pela Esperança – UNES), aparece à frente das pesquisas de intenção de voto. Nunca concorreu a um cargo eletivo e seu nome não era muito conhecido antes da campanha, mas foi o escolhido de Correa para a disputa. Por isso, muitos equatorianos acreditam que, se for eleito, Correa é quem, de fato, estará governando o país.

Arauz já disse em entrevistas que não pretende cumprir as condições combinadas no acordo com o FMI, argumentando que as medidas impostas são "absolutamente draconianas" e defende um programa de retomada econômica. Mas, recentemente, baixou o tom sobre o assunto. A consultoria Eurasia destacou em um relatório que Arauz diz agora estar disposto a negociar com o organismo. Para a consultoria, é improvável que ele abandone totalmente o acordo, "diante das necessidades significativas de financiamento e das alternativas limitadas".

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Guillermo Lasso, candidato à presidência do Equador pelo "Criando Oportunidades"| Foto: RODRIGO BUENDIA / AFP

Guillermo Lasso é o candidato da centro-direita, apoiado pelo Movimento Criando Oportunidades (Creo) e pelo Partido Social Cristão. Antes de entrar para a política, foi vice-presidente executivo do Banco Guayaquil. Já concorreu para presidente em 2013 e 2017, ficando em segundo lugar nas duas eleições; Tem um perfil mais tecnocrata, mas, segundo a Eurasia, na reta final da campanha, o candidato tem se mostrado "cada vez mais populista", na tentativa de ganhar votos, com anúncios como uma promessa de elevar o salário mínimo em seu primeiro mês no poder e de cortar impostos.

Em terceiro lugar nas pesquisas de opinião aparece o candidato esquerdista Yaku Pérez Guartambel, do Movimento de Unidade Plurinacional Pachakutik. Foi vereador da cidade de Cuenca nos anos 1990 e eleito prefeito de Azuay em 2019. Tem como bandeira a defesa dos povos indígenas e do meio ambiente.

De acordo com uma pesquisa de intenção de voto da Cedatos, publicada em 25 de janeiro, a vantagem de Arauz é de apenas 2,2 pontos percentuais em relação a Lasso. Em outras sondagens, porém, a diferença entre eles chega a 10 pontos percentuais. Pérez aparece geralmente em terceiro, com índices que variam entre 10% a 17% nas pesquisas mais recentes.

Se houver segundo turno entre Arauz e Lasso em 11 de abril, como indicam as projeções, o apoio de Pérez a um dos candidatos pode ser decisivo.

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Acordo com o FMI

De acordo com a Capital Economics, os dois candidatos favoritos mostram "pouco apetite" para cumprir a agenda acertada por Moreno com o FMI. A consultoria acredita que as finanças do Equador devem continuar em situação ruim, "e os riscos de default soberano permanecerão elevados, seja quem ganhar".

A Capital Economics vê como maior a chance de um default desordenado sob Arauz. Segundo ela, a relação entre dívida e PIB do país deve seguir elevada, com os custos de empréstimo para o país "proibitivamente altos, acima de 1 mil pontos-base ou mais", nos próximos anos. O momento de uma eventual crise futura é difícil de prever, diz a Capital Economics, apontando que isso dependerá as políticas do próximo presidente, "mas achamos que outra reestruturação da dívida em algum momento dos próximos cinco anos é uma possibilidade clara".

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