A ministra das Relações Exteriores e Mobilidade Humana do Equador, Gabriela Sommerfeld, garantiu nesta segunda-feira (19) que seu país não enviará material bélico soviético para a Ucrânia por meio dos Estados Unidos, país com o qual firmou um acordo de intercâmbio para receber equipamentos militares mais modernos avaliados em US$ 200 milhões.
Em uma apresentação ao Comitê de Transparência do Parlamento, onde foi perguntada se o governo ainda estava disposto a enviar armamento soviético à Ucrânia para sua luta contra a invasão da Rússia, Sommerfeld disse que "o Equador não enviará nenhum material militar a um país que tenha um conflito armado internacional".
Em sua resposta sobre se "há ou não uma decisão por parte do governo nacional de enviar material militar à Ucrânia", a ministra das Relações Exteriores lembrou que o Equador é membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
"Como membro, promovemos a resolução de conflitos, sempre respeitando o direito internacional e a resolução pacífica dessas disputas", declarou.
A possibilidade de enviar material de guerra soviético para os EUA causou inquietação no governo do presidente russo, Vladimir Putin.
Entretanto, na última sexta-feira (16), o embaixador da Rússia no Equador, Vladimir Sprinchan, disse ter certeza de que o Equador não enviaria armas soviéticas para a Ucrânia após uma reunião com o presidente Daniel Noboa, que semanas antes havia descrito o equipamento como "sucata".
Sommerfeld ressaltou que os acordos sobre material bélico não são de responsabilidade da sua pasta, mas do Ministério da Defesa, e disse que, por esse motivo, um relatório técnico não foi enviado às Relações Exteriores para apoiar a classificação de "sucata".
Perguntada se a tensão com a Rússia sobre o destino do equipamento militar de origem soviética colocou em risco ou afetou as relações comerciais diplomáticas com algum dos parceiros do Equador, a chanceler equatoriana foi categórica ao afirmar que "de forma alguma".
"As relações com nossos parceiros são muito boas, para não dizer excelentes", enfatizou.
Comércio de bananas
Em meio à situação desencadeada pelo material militar que o Equador enviaria aos EUA, a Rússia anunciou a suspensão das exportações de bananas de cinco empresas equatorianas com base na suposta presença da mosca jubarte (Megaselia scalaris) em alguns carregamentos.
Na semana passada, a Rússia suspendeu a proibição das importações de banana das empresas cujos envios ao país haviam sido proibidos.
Em sua apresentação, a ministra das Relações Exteriores disse que os delegados do Equador e da Rússia estão em contato para analisar questões fitossanitárias e lembrou que o alerta russo sobre a suposta presença da mosca jubarte foi emitido há seis meses, mas devido à falta de resposta, a questão só foi exposta em fevereiro deste ano.
"O comércio com a Rússia está aberto, nunca parou, flores, café e bananas continuaram a ser enviados. A única coisa que aconteceu foi uma sanção a cinco fazendas exportadoras, (o que representa) menos de 25% das exportações para a Rússia", disse Sommerfeld.
O Equador é o maior exportador de bananas do mundo, com mais de 6,5 milhões de toneladas em 2023, de acordo com estatísticas da Associação de Exportadores de Banana do Equador (AEBE).
Desse volume, a Rússia é o principal país de destino das exportações do produto, com 1,37 milhão de toneladas em 2023, o equivalente a 22,85% do total.
O faturamento das exportações de banana entre janeiro e novembro de 2023 foi de US$ 3,255 bilhões, dos quais US$ 690 milhões foram destinados à Rússia, que tem o Equador como praticamente seu único fornecedor externo de bananas, representando 98% de suas importações da fruta. (Com Agência EFE)
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