O Equador disse na quinta-feira (4) que procura mecanismos para suspender de forma "responsável" o pagamento de bilhões de dólares de sua dívida externa considerada "ilegal" por uma comissão oficial, e advertiu aos mercados para que levem a sério as decisões do governo.
O presidente Rafael Correa despertou temores sobre a declaração de uma moratória ao requisitar, no mês passado, um prazo para analisar o pagamento de títulos públicos da linha Global 2012, no valor de US$ 30,6 milhões.
"Se temos de chegar à moratória, o faremos com responsabilidade. Senhores, não estamos brincando, somos muito sérios ao dizer que o governo nacional rejeita a dívida ilegal e, portanto, ilegítima", disse a ministra de Finanças, Elsa Viteri, a jornalistas.
Em entrevista ao jornal El Universo, o ministro da Política, Ricardo Patiño, disse que Correa está "decidido a ignorar, anular e converter em nada esses títulos."
Os títulos Global 2012, 2015 e 2030, cuja validade foi posta em dúvida pela comissão, somam um total de US$ 3,8 bilhões. O governo não descarta também questionar a validade de alguns créditos multilaterais e bilaterais. Ao todo, a dívida chega a quase US$ 10 bilhões.
O governo sugere que poderá recorrer à Corte Internacional de Justiça, em Haia, para arbitrar a questão, e já contratou uma consultoria jurídica nos EUA.
O Equador declarou moratória em 1999, durante a pior crise bancária da sua história, o que levou o país a dolarizar sua economia em 2000.
As autoridades estão conscientes de que as medidas tomadas por Correa, que será candidato a um novo mandato em abril, poderão gerar reações negativas na economia local, e, por isso, estão anunciando fontes alternativas de financiamento, vindas de novos sócios comerciais como Irã, Rússia, China ou Venezuela.
Correa viajou na quinta-feira (4) para Teerã, onde assinará acordos de energia e comércio com o Irã, que mantém relações tensas com os Estados Unidos.
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