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América do Sul

Equatorianos elegem presidente hoje

Curitiba – Se analisar o histórico dos últimos 27 anos, o presidente que os equatorianos escolhem na eleição de hoje tem poucos motivos para pensar que completará seu mandato. Desde o retorno à democracia em 1979, só três dirigentes coseguiram isso. De 1997 até hoje, o Palácio de Carondelet foi ocupado por nada menos que seis diferentes presidentes.

A instabilidade política na história recente explica o ceticismo da população na votação deste domingo. Até há 20 dias, data limite para a divulgação de pesquisas de intenção de voto dentro do país, os indecisos representavam entre 40% a 50% do eleitorado.

De lá para cá, o discurso nacionalista de Rafael Correa, economista com doutorado pela Universidade de Illinois, nos EUA, ganhou força. Como o boliviano Evo Morales, Correa defende a nacionalização do petróleo, o rompimento com o Banco Mundial e o FMI.

Com 13 candidatos, a eleição está polarizada entre quatro deles: dois de esquerda e dois de direita. Além de Correa, da coligação Aliança País, movimento independente dos partidos tradicionais que tem o apoio de boa parcela da população indígena, o ex-vice-presidente, de centro-esquerda, Leon Roldós, tenta a eleição pela aliança Esquerda Democrática.

No lado oposto, o dos defensores da lei de mercado, estão os candidatos Alvaro Noboa, o homem mais rico do Equador, herdeiro de um império de bananas – que rivaliza com o petróleo na liderança da pauta de exportação do país –, e Cynthia Viteri, do Partido Social Cristão. A candidata é apoiada por um dos grandes caciques políticos do Equador, o ex-presidente Leon Febres Cordero.

Dificilmente algum deles consiguirá 40% dos votos válidos e 10 pontos percentuais de diferença sobre o segundo colocado, exigência eleitoral para que o candidato vença em primeiro turno. De acordo com uma pesquisa da Informe Confidencial divulgada na última semana apenas para a imprensa estrangeira, Correa lidera com 30% das intenções de votos e Noboa vem em segundo, com 23%.

Apesar da indicação de que Correa se alinharia ao eixo Chávez-Morales-Castro (seja Fidel ou Raúl), sua possível eleição não deve significar um grande ganho do movimento "chavista" na América Latina, acha o professor de economia do Centro Universitário Positivo (Unicenp), Hugo Eduardo Meza Pinto, que é peruano. "Um indicador importante de que essa tendência populista está perdendo força são as derrotas dos candidatos apoiados por Chávez no Peru, Ollanta Humala, e no México (Andrés Manuel López Obrado)", diz. Segundo ele, para o Brasil, a eleição de um novo presidente no Equador é mais importante do ponto de vista geopolítico, mais do que da economia. "A balança comercial entre os dois países não é significativa, mas geopoliticamente a eleição é importante. O Equador faz parte da Comunidade Andina, que pode se fundir ao Mercosul", afirma o professor.

Colômbia

A Colômbia deve ser o país que vai sofrer mais diretamente os efeitos de um novo governante equatoriano. "Se Correa vencer, certamente eles vão ter problemas com a Colômbia, porque não vão assinar o plano de repressão às Farc. Podem ter problemas também com o Peru, como já ocorreu antes, por causa de uma faixa territorial. Se Roldós for o escolhido, pode-se esperar o apoio da Europa, em razão do vínculo dele com a Internacional Socialista. Se ganhar um dos candidatos de direita, os EUA terão mais influência no país", afirma Nielsen de Paula Pires, coordenador do Núcleo de Estudos Caribenhos e Latino-Americanos (Necla) da Universidade Nacional de Brasília (UnB).

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