Após seis dias, a equipe das Nações Unidas que investiga o uso de armas químicas na Síria deixou o país nesta segunda-feira. Liderados pelo cientista sueco Ake Sellström, o grupo tem o objetivo de avaliar toda a informação relacionada às denúncias relatadas pelos estados-membros, com a finalidade de preparar o seu relatório final, que deve estar pronto até o fim de outubro. Depois de uma visita no mês passado, a equipe encontrou "provas claras e convincentes" de que o gás sarin foi usado em um incidente ocorrido em 21 de agosto na área de Ghouta, que deixou mais de mil mortos."A equipe vai agora passar para a fase de finalização de seu relatório, que se espera estar pronto até o final de outubro", disse o porta-voz da ONU Martin Nesirky a jornalistas em Nova York.
Agora estão sendo investigados diversos incidentes, como os de Khan al-Asal, Sheikh Maqsud, e Saraqueb, de março e abril deste ano. A equipe - apoiada por especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) - continua a avaliar com o governo sírio informações sobre três acusações adicionais, incluindo os incidentes em Bahhariyeh de 22 de agosto, em Jobar, em 24 de agosto e em Sahnaya, em 25 de agosto.
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid al-Moallem, afirmou nesta segunda-feira que não há guerra civil em seu país, e sim uma guerra contra o terror, criticando as potências ocidentais por não reconhecerem a presença da al-Qaeda no conflito. Em discurso na Assembleia Geral da ONU, ele disse que terroristas estão recebendo suprimentos de armas químicas de "agentes regionais e do Ocidente", sem dar detalhes de quem seriam os fornecedores desse arsenal.
Na última sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU pediu a eliminação de armas químicas da Síria, além de endossar um plano diplomático de negociações pela paz liderado pelos sírios. Através da adoção unânime da resolução 2118, o Conselho pediu a rápida implementação de procedimentos elaborados pela OPAQ.
No texto, o Conselho destacou "que nenhuma parte na Síria deve usar, desenvolver, produzir, adquirir, armazenar, conservar ou transferir armas químicas". A resolução também pediu a convocação, o mais breve possível, de uma conferência internacional de paz que represente plenamente o povo sírio.
Mais de 100 mil pessoas foram mortas desde que o conflito na Síria começou, em março de 2011, com mais de 2 milhões de pessoas tendo fugido para países vizinhos e outras 4 milhões de pessoas deslocadas dentro do país.