Equipes de resgate tailandesas bombeiam água da caverna de Tham Luang durante as operações de resgate, no Parque Florestal de Khun Nam Nang Non, no distrito de Mae Sai, na Tailândia| Foto: YE AUNG THUAFP

Desde 23 de junho, quando seus companheiros de equipe desapareceram, o garoto Songpol Kanthawong, de 13 anos, não consegue tirar da cabeça o mesmo pensamento: “Me deixa muito assustado pensar que eu poderia ter ido com eles”, confessa, sentado do lado de fora de uma sala de aula da escola Mae Sai  Prasitsart. Pone, como é chamado entre os colegas, faz parte do time de futebol cujo treinador e 12 meninos estão presos em um vasto complexo de cavernas há 12 dias. Eles exploravam o lugar quando foram surpreendidos com uma chuva que bloqueou a passagem em vários trechos.

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Pone e outros colegas de classe descrevem os garotos como aventureiros que adoravam andar de bicicleta ao redor da cordilheira Doi Nang Non. Eles estavam familiarizados com o sistema de cavernas de seis quilômetros de Tham Luang, um dos mais longos da Tailândia, tendo visitado-o várias vezes.

Autoridades tailandesas e uma equipe de especialistas internacionais, vindos de países como o Reino Unido e a China, continuam a deliberar a melhor maneira de resgatar os meninos e seu treinador, nenhum dos quais sabe nadar. 

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Em uma coletiva de imprensa no local de resgate na quinta-feira (5), o governador da província de Chiang Rai, Narongsak Osotthanakorn, disse que equipes de resgate e mergulhadores estão correndo contra o relógio, tentando bombear água suficiente para fora da caverna para que os meninos possam sair em segurança. Os níveis de água diminuíram cerca de 40 centímetros, mas embora o tempo tenha estado relativamente seco, a água continua a penetrar na caverna. 

"Nós estávamos correndo contra o tempo antes de encontrá-los. Agora estamos removendo a água que continua se infiltrando na caverna", afirmou. 

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A principal missão dos socorristas é continuar bombeando água antes que as fortes chuvas compliquem ainda mais a situação. Se os meninos não forem retirados de lá em questão de dias, as monções podem prendê-los por meses, diminuindo as opções de resgate. 

"Todos os dias estamos analisando o tempo, informado pelo departamento de meteorologia, e vendo quanta chuva vai cair", acrescentou o governador. 

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A equipe de resgate levará 11 horas para chegar até os garotos e levá-los de volta à superfície, segundo Osotthanakorn, e a comunicação teria que funcionar o tempo todo para garantir que o resgate ocorra tranquilamente. 

As autoridades tentaram estender as linhas telefônicas para a câmara da caverna onde os meninos estão, mas os telefones caíram na água, impedindo que eles se comuniquem com suas famílias, que estão acampadas no local de resgate.

Do lado de fora, Pone descreveu o dia fatídico, que começou como qualquer outro. Os céus estavam relativamente claros na época, mas uma hora depois começou uma chuva - levando às enchentes que prenderam os meninos no fundo do sistema de cavernas. 

"Antes daquela chuva, não havia nada, era apenas um dia normal", disse ele. 

Agora, os meninos presos estão aprendendo a mergulhar - um grande feito, considerando que nenhum deles sabe nadar. 

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"Não há visibilidade, é um espaço confinado", disse Matt Fitzgerald, membro da equipe de mergulho da Polícia Federal Australiana, que enviou seis mergulhadores para ajudar nos esforços do resgate. "Seria aterrorizante" para eles. 

As autoridades tailandesas dizem que os meninos não precisam ser levados juntos, criando um cenário em que alguns meninos poderiam ser retirados de cada vez, dependendo de quem entre eles fosse forte o suficiente. Perfurar uma abertura na caverna também é uma opção, dizem os oficiais, notando que os garotos estão respirando, então há probabilidade de que haja um poço em algum lugar dentro do sistema de cavernas. 

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Esperança do lado de fora

Na escola Mae Sai Prasit Sart, as orações diárias continuam. A operação de resgate foi acompanhada por rituais budistas, incluindo bênçãos de monges proeminentes. Na noite de quarta-feira, membros da família dos meninos receberam fotos emolduradas do rei tailandês pelas autoridades locais, um gesto que, esperava-se, lhes daria força e resistência.

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Pone está ansioso pelo dia em que seus amigos sejam libertados para que ele possa deixá-los a par dos resultados da Copa do Mundo. Antes seu telefone alertava a cada gol marcado nos jogos, mas agora os alertas são de mensagens de boa vontade e apoio para a equipe no grupo de bate-papo - mensagens que os meninos ilhados na caverna, é claro, ainda não conseguiram ler. 

"As mensagens agora não falam sobre a Copa do Mundo, mas sobre o quanto sentimos falta dos nossos amigos", disse ele. "Estamos tentando nos apoiar mutuamente e lembrar uns aos outros que tudo isso será resolvido".