Os relatos feitos por equipes de socorristas em Vanuatu apresentam um quadro de completa destruição nas ilhas externas desse país, situado no Pacífico Sul, depois que um gigantesco ciclone atravessou o território, arrasando construções e causando a morte de pelo menos oito pessoas.
Funcionários encarregados da gestão de desastres e equipes de socorro enfrentavam dificuldades para estabelecer contato com as ilhas que receberam a maior carga de ventos do ciclone Pam, que passou a mais de 300 quilômetros por hora, destruindo casas e arrebentando barcos, estradas e pontes ao atingir o país na sexta-feira (13) e no sábado (14).
O número oficial é de 24 mortos e 3,3 mil desabrigados. “Muitos edifícios e casas foram completamente destruídos”, afirmou o presidente de Vanuatu, Baldwin Lonsdale, à redação da Reuters de Tóquio. “Mais de 90 por cento dos edifícios foram destruídos.”
A Cruz Vermelha australiana informou que há relatos de “total devastação” na ilha de Tanna, no sul do país, onde a maioria das casas foi arrasada. Tanna, situada cerca de 200 km ao sul da capital, Port Vila, tem 29 mil habitantes e foi a área onde a tempestade passou com maior força, alcançando categoria 5. Pelo menos duas pessoas morreram.
Equipes de socorristas disseram que a principal cidade da ilha de Erromango, ao norte de Tanna, sofreu destruição semelhante. Uma operação de limpeza teve início em Port Vila, onde se reportou que as águas do mar chegaram a subir até 8 metros e três de cada quatro casas foram destruídas ou gravemente danificadas.
“As coisas em Port Vila estão melhorando. As pessoas estão retornando ao mercado e começando a limpeza, mas o fundamental é que ainda não temos nenhum contato com outras províncias”, disse Tom Perry, da agência de ajuda da Care Austrália , falando de Port Vila à Reuters por telefone. “Isso causa grande preocupação porque não há nenhuma noção real de qual foi o impacto, mas sabemos que o sul, em particular, ficou no olho da tempestade por horas.”
O toque de recolher foi imposto na capital das 18 horas até as 6 horas, para prevenir saques, disse Colin Collett van Rooyen, gerente da Oxfam no país. Segundo Van Rooyen, houve relatos não confirmados de saques de lojas de equipamentos de hardware.
A presidente da Cruz Vermelha Vanuatu, Jacqueline de Gaillarde, disse que os mercados já estavam com poucos suprimentos porque as pessoas tinham estocado comida antes da tempestade, mas esses mantimentos se perderam quando as casas foram destruídas. “Nós precisamos de comida para as próximas semanas, de equipes humanitárias para fazer avaliações e de transporte. E precisamos de barcos para acessar as ilhas, porque muitos dos aeroportos são apenas gramados, e estão inundados, por isso não podemos pousar”, afirmou Jacqueline, de Port Vila.