"A aplicação dela foi muito importante para que todas as equipes se formassem. Era uma dedicação de corpo e alma e um testemunho de fé muito grande". Com essas palavras o cardeal e arcebispo primaz do Brasil, Dom Geraldo Majela Agnello, definiu a personalidade e a importância da atuação da doutora Zilda Arns frente à implantação e desenvolvimento da Pastoral da Criança.

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O trabalho de ambos começou com a atuação no município de Florestópolis (PR) e hoje atende quase dois milhões de gestantes e crianças menores de seis anos, além de ter contribuído de forma representativa na redução da mortalidade infantil.

A parceria iniciou em 1983, com a implantação do programa no pequeno município de Florestópolis (PR), que pertence à Arquidiocese de Londrina, na época liderada pelo então bispo da cidade, Dom Geraldo Majella. "Toda a ideia partiu da Unicef, que queria implantar uma experiência de diminuição da mortalidade infantil. Dom Paulo Evaristo Arns, que é irmão de Zilda, pediu que aplicássemos na nossa arquidiocese".

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Dom Geraldo Majella conta que Florestópolis era uma cidade pobre e que convivia com a morte de muitas crianças, sobretudo, em razão da desnutrição e de doenças como a diarreia. "O soro caseiro era uma novidade e Dom Paulo lembrou que a sua irmã (Zilda) era médica sanitarista. Eu a conhecia em razão de Dom Paulo e fiquei mais próximo com a experiência em Florestópolis".

A aplicação do programa na cidade resultou em sucesso basicamente em função da sua forma simples de funcionamento. "Foram criadas ações básicas de saúde e que as mães poderiam fazer e que deu a característica não de programa assistencialista, mas de promoção humana".

Conforme Dom Geraldo, a formatação do programa tem as mãos da doutora Zilda Arns. "Ela sempre foi muito sensível em criar uma um projeto que poderia crescer através da organização da comunidade".

Sucesso em Florestópolis, Dom Geraldo e Zilda Arns foram testemunhas da implantação da Pastoral da Criança e do programa por todo o país, auxiliando em sua promoção. Com orgulho, ele conta que hoje a penetração da pastoral é em quase todos os municípios do Brasil, além de vários países da América Latina e outros países de língua portuguesa na África e também na Ásia, como o Timor Leste.

Mesmo atuando hoje em Salvador (BA), Dom Geraldo Majella contou que sempre manteve contato com Zilda Arns. O último encontro pessoal ocorreu em julho do ano passado, no Uruguai, durante a implantação da pastoral no país vizinho. "Além disso frequentemente estávamos conversando por telefone. Ela sempre foi de uma formação profissional muito sólida e com um carisma maravilhoso especialmente para tratar com as crianças".

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Apesar da sensação de perda com a morte inesperada, Dom Geraldo Majella acredita que o trabalho de Zilda Arns não será em vão e não deve enfraquecer com a sua ausência. "As raízes do trabalho são fortes, com muita gente compromissada. Ele não sofrerá nenhuma descontinuidade".