Manifestantes usam máscara de Murdoch e bonecos do premiê britânico, David Cameron, em protesto em Londres contra a venda de tevê a cabo ao magnata da comunicação| Foto: Ki Price/AFP

Empreendedor

O magnata da mídia Rupert Murdoch cons­­truiu um império de co­­mu­­­­nicação com abran­­gência em todo o mundo.

1931 – Nasce em 11 de março em Melbourne, na Austrália.

1953-64 – Aos 22 anos, assume o controle da News Limited. Lança o primeiro jornal nacional do país, The Australian.

1973/1981 – Faz aquisições internacionais, entre elas o americano New York Post e os britânicos Times e Sunday Times.

1986/1989 – Promove a implementação de processos eletrônicos de produção, causando uma disputa com os sindicatos de gráficos do Reino Unido. Funda a Fox Network nos EUA e a Sky TV no Reino Unido.

1993 – Compra a Star TV, com sede em Hong Kong, e inicia seu avanço na Ásia.

2007 – Compra a Dow Jones, proprietária do Wall Street Journal.

2010 – É classificado, pela revista Forbes, como a 13ª pessoa mais poderosa do mundo e a 17ª mais rica.

2011 – A News Corporation, conglomerado de Murdoch, tenta conseguir aprovação do governo britânico para adquirir o controle total da maior provedora de tevê a cabo do Reino Unido, a BSkyB.

– E m meio às negociações vêm à to­­na denúncia de que um de seus jor­­nais britânicos, o News of the World, usou escutas ilegais para espionar celebridades, membros da família real, políticos e vítimas de crimes.

– Pressionado, Murdoch fecha o jornal e desiste de comprar a totalidade da BSkyB. Ele já detém um terço da empresa.

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Resultado de inquérito que analisará grampos sairá em 12 meses

O premiê britânico, David Ca­­meron, anunciou ontem que será instalado um inquérito sobre o escândalo de grampos ilegais que retirou de circulação o tabloide The News of the World.

Segundo o jornal britânico Guardian, parte do inquérito – que será presidido pelo juiz Brian Henry Leveson – vai investigar procedimentos da mídia e outra parte irá analisar os grampos ilegais. Os resultados devem vir a pú­­blico dentro de 12 meses.

Uma investigação policial já está em curso analisando 11 mil páginas de evidência. Há registro de ligações de 4 mil celulares e 5 mil telefones fixos. Oito pessoas já foram presas e dezenas foram en­­trevistadas.

Denúncias e relatos de que repórteres do tabloide acessaram ilegalmente mensagens de telefones de políticos, celebridades e membros da família real para ob­­ter informações exclusivas desencadearam um escândalo que le­­vou ao fechamento do The News of the World, no último domingo.

Vítimas de crimes e até familiares de soldados mortos nas guerras do Afeganistão e Iraque também foram grampeados. Há ainda relatos de que o ta­­bloide teria pago propina a po­­liciais por informações.

A polícia acredita que até 4 mil pessoas tiveram seus telefones grampeados.

Cameron explicou que a in­­vestigação deve ser separada em duas partes e será liderada por um dos mais graduados juí­­zes britânicos, Sir Brian Le­­veson.

A primeira parte da apuração, a ser iniciada o mais rápido possível, examinará a cultura da mídia, suas práticas, sua ética e as relações com a polícia e políticos.

A segunda parte irá investigar as supostas práticas ilegais do tabloide News of the World, da News Corp, e de outros periódicos britânicos.

O ex-premiê Gordon Brown disse na terça-feira que o Sun­­day Times e o Sun também po­­dem estar envolvidos nos gram­­pos ilegais.

Os jornais também pertencem ao braço britânico da News Corp, o News International, que negou ter acessado ou contratado alguém para acessar o histórico médico do filho bebê de Brown. (Folhapress e AE)

Londres - O escândalo das escutas telefônicas no Reino Unido impôs ontem um raro golpe ao magnata Rupert Murdoch. Pressionado, ele desistiu de comprar a totalidade das ações da BSkyB (British Sky Broad­­casting), a maior provedora de te­­vê paga do Reino Unido, por meio de sua News Corporation.

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O negócio seria o maior e mais lucrativo do australiano, cujas empresas acumulam ativos de US$ 60 bilhões (R$ 93 bilhões) pelo mundo.

Murdoch já tinha 39% das ações da BSkyB e, há mais de um ano, manifestou a intenção de comprar os restantes 61% por estimados US$ 12 bilhões (R$ 18 bi­­lhões).

Mas o repúdio a seu plano atingiu níveis altíssimos há cerca de uma semana, quando a investigação do uso de grampos telefônicos por parte dos repórteres do tabloide News of the World, de Murdoch, extrapolou o universo das celebridades e atingiu vítimas de crimes e seus familiares. Denúncias di­­zem ainda que o esquema dependia de propina a policiais.

Sob bombardeio, e queda nas ações, Murdoch decidiu fechar o News of the World, que foi criado em 1843 e vendia 2,7 milhões de exemplares aos domingos, mas manteve a oferta sobre a BSkyB.

Mas, ontem, os principais partidos do país fecharam acordo para aprovar no Parlamento uma moção contra a venda da BSkyB e obtiveram o apoio do premiê Da­­vid Cameron, sinal de que o governo cogitava vetar a fusão das empresas.

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Um dos ex-funcionários do News of the World, interrogado e detido neste ano é Andy Coulson, ex-assessor do premiê.

"Nós achamos que a proposta de aquisição da BSkyB pela News Corporation beneficiaria a am­­bas, mas está claro que é muito difícil avançar nesse clima", afirmou a empresa, em nota.

Também ontem, Cameron se encontrou com a família da adolescente de 13 anos desaparecida em 2002 que teria tido a caixa postal do celular invadida por repórteres.

Cameron se disse "satisfeito" com o anúncio. "A News Corp. e sua filial britânica News Inter­­national devem se concentrar em limpar e ordenar seus assuntos após o escândalo", afirmou um porta-voz do governo.

O líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, comemorou a notícia. "Essa é uma vitória das pessoas que, em todo o país, estão horrorizadas com as revelações do escândalo das escutas", disse.

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Em Washington, o senador democrata Jay D. Rockefeller afirmou ter solicitado a autoridades que investiguem se empresas ligadas à News Corporation nos EUA empregaram métodos ilegais, em especial contra vítimas do 11 de Setembro.

Murdoch foi convidado a prestar esclarecimentos ao Parla­­men­­to britânico. Por se tratar de um convite, ele não é obrigado a ir. A News Corp, porém, diz que quer cooperar. Se isso não ocorrer, ele pode ser intimado oficialmente a comparecer.