O papa Bento 16 disse nesta segunda-feira que os aspirantes ao sacerdócio não devem desistir dessa ideia por causa dos padres que causam vergonha e desgraça ao abusarem de crianças.

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Em carta a seminaristas do mundo todo, Bento 16 também defendeu o celibato clerical, o que segundo críticos foi um dos fatores que agravaram o problema da pedofilia no clero.

"Recentemente, temos visto com grande perplexidade que alguns padres desfiguraram seu ministério ao abusarem sexualmente de crianças e jovens (...), seu comportamento abusivo causou grande dano, pelo qual sentimos profunda vergonha e pesar", disse ele na carta.

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"Como resultado disso, muita gente, talvez até mesmo alguns de vocês, podem se perguntar se é bom se tornar padre; se a escolha do celibato faz sentido como um modo de vida realmente humano", afirmou.

O pontífice argumentou que "uma vida de celibato" é parte da missão clerical, para permitir uma total dedicação a Deus, e que "nem mesmo o mais repreensível abuso pode desacreditar a missão clerical, que continua sendo grandiosa e pura".

Bento 16 já pediu desculpas em várias ocasiões pelos escândalos de pedofilia surgidos nos EUA, Europa e vários outros países nos últimos anos. O Vaticano disse ter adotado procedimentos mais rigorosos para identificar seminaristas que podem vir a se tornar padres abusadores.

O papa reafirmou a necessidade da Igreja de ser "muito mais atenta" aos futuros padres, ajudando-os a não sucumbirem à sexualidade "banal e destrutiva".

Especialistas dizem que a imagem negativa deixada pelos escândalos pode afastar do sacerdócio muitos jovens que se sentem com vocação. O número de padres no mundo já diminuiu muito nas últimas décadas, levando à extinção ou fusão de paróquias em vários países, e estudiosos alertam para uma carência de sacerdotes no futuro, com uma sobrecarga para os restantes.

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Ativistas dizem que uma solução para isso seria permitir a ordenação de mulheres e o casamento dos padres - duas ideias que a Igreja abomina.