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No dia 18 de setembro, a Escócia vai decidir sobre sua independência ou permanência como parte do Reino Unido. Não importa qual seja o resultado, pesquisas recentes mostram uma disputa acirrada com implicações significantes.

Caso os escoceses votem pela independência, as consequências mais imediatas serão políticas. A posição do atual premiê britânico David Cameron ficaria difícil, tendo sido o líder sob cujo comando o país se emancipou. Ao mesmo tempo, um resultado a favor da independência certamente levaria a mudanças nas relações políticas entre a Inglaterra e as outras duas partes "não inglesas" do Reino Unido: o País de Gales e a Irlanda do Norte. No País de Gales, em particular, aumentaria a pressão para que houvesse uma devolução de poderes de Londres para a capital Cardiff.

Também teríamos profundas mudanças em relação à União Europeia (UE). O líder do movimento pró-independência na Escócia, Alex Salmond, não perderia qualquer oportunidade para destacar que uma Escócia independente seria também um membro da UE.

Todavia, a UE deixou claro que a Escócia teria de fazer um processo de inscrição como qualquer outro país que almejasse entrar no bloco. Isso dá à União Europeia uma enorme influência sobre a Escócia pós-independência, pois é ela que irá determinar as condições de acordo para a entrada do país.

Ironicamente, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, está prometendo um plebiscito sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia caso o partido Conservador vença as eleições parlamentares em 2015. Assim, existe a possibilidade da Escócia fazer parte da União Europeia enquanto o Reino Unido se despede dela.

Esse fato nos leva a outro assunto ainda não resolvido: a da moeda a ser utilizada pela Escócia após a independência. Para Salmond, a Escócia usará a libra esterlina, ou seja, a moeda atual, algo veementemente negado pelos políticos em Londres.

Por outro lado, a União Europeia sempre exige de qualquer país candidato que se comprometa a adotar a moeda única, o euro, como condição para entrar no bloco, assim que for economicamente viável. Tal exigência é atualmente pouco popular diante do cenário da crise econômica de alguns países membros da União Europeia. Esse debate deverá durar algum tempo.

Mesmo com um resultado favorável à permanência da Escócia no Reino Unido, a relação politica entre ela e Londres provavelmente vai mudar. Já existem várias demandas para que Londres devolva mais poderes à Assembleia Escocesa em Edimburgo, inclusive o poder para desenvolver um sistema tributário próprio.

Como já mencionado acima, é provável que as outras partes do Reino Unido também avaliem as suas posturas vis-à-vis Londres sob a luz do resultado desse referendo.

Sendo assim, seja qual for o resultado, o Reino Unido estará enfrentando mudanças profundas e tempos incertos, tanto em termos domésticos quanto em relação à União Europeia.

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