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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, é citado como um exemplo de “católico de cafeteria” ou “à la carte”, por defender o aborto
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, é citado como um exemplo de “católico de cafeteria” ou “à la carte”, por defender o aborto| Foto: EFE/EPA/BONNIE CASH

Os católicos representam 23% da população dos Estados Unidos. Um estudo recente divulgado por Ryan Burge, pesquisador nas áreas de religião e política e professor na Universidade do Leste de Illinois, apontou que o “catolicismo de cafeteria” ou “à la carte” está crescendo no país – em referência a fieis que “escolhem” quais doutrinas da Igreja apoiar, como se consultassem um cardápio, ao invés de segui-las integralmente.

Burge citou dados da Pesquisa Social Geral (GSS, na sigla em inglês, realizada desde 1972 pela Universidade de Chicago) compilados pela Associação de Arquivos de Dados Religiosos (Arda, na sigla em inglês) sobre o apoio de católicos americanos a três práticas condenadas pela Igreja: aborto, pena de morte e eutanásia.

“Minha atenção foi despertada quando alguém postou um vídeo da participação do arcebispo de Washington, Wilton Gregory, no Face the Nation [programa da emissora CBS], algumas semanas atrás. O arcebispo descreveu o presidente Joe Biden como ‘um católico à la carte’. Sua definição do termo é: ‘[Aquele] que escolhe o que lhe interessa e rejeita o que é desafiador’”, explicou Burge no relatório. Biden se diz católico, mas é defensor do aborto.

Na parte do aborto, o apoio dos católicos americanos ao procedimento varia muito conforme a justificativa, mas fica sempre em patamares altos: de acordo com os dados de 2022, cerca de 50% dos entrevistados consideraram o aborto justificável caso os pais aleguem que não têm condições financeiras de criar mais filhos; 90% concordaram que o procedimento seja feito em caso de riscos à saúde da mãe; aproximadamente 50% consideraram aceitável se o casal não é casado; pouco mais de 80% se a concepção for resultado de estupro e quase a mesma porcentagem caso o feto tenha algum problema grave de saúde; e cerca de 50% caso a mãe não queira ter mais filhos.

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No caso da pena de morte, a GSS apontou que em 2022 a proporção de católicos que apoiavam a pena capital para condenados por assassinato foi de 61%. A respeito do suicídio assistido para pessoas com uma doença incurável, 70% dos católicos entrevistados disseram concordar com a medida.

Dessa forma, o número de católicos americanos que se opõem simultaneamente a esses três procedimentos, conforme a doutrina da Igreja, foi de apenas 0,9% em 2022, o menor índice desde que a GSS foi criada.

Entretanto, Burge destacou que, mesmo em anos anteriores, a porcentagem de católicos dos Estados Unidos que condenam integralmente aborto, pena de morte e eutanásia nunca chegou a sequer 7,5% na pesquisa.

“Sempre houve divergências e sempre houve uma diversidade de pontos de vista em grupos grandes como a SBC [Convenção Batista do Sul, na sigla em inglês] e a Igreja Católica. Esperar concordância sobre crenças é apontar para um padrão irrealista”, justificou o pesquisador.

Em entrevista à Catholic News Agency, o monsenhor Charles Pope, da Igreja Santo Consolador-São Cipriano, da Arquidiocese de Washington, criticou a pesquisa.

Ele afirmou que o estudo não representa com precisão a “adesão” dos católicos americanos à fé e “reúne coisas que precisam ser analisadas separadamente”.

Porém, Pope concordou que tem havido uma “desconexão” entre os ensinamentos da Igreja e o que muitos católicos acreditam e defendem, em razão da “politização das questões morais”.

“Temos muito trabalho a fazer, mas isso não significa que nossos ensinamentos estejam errados. Não é função da Igreja refletir as pesquisas de opinião pública sobre o nosso povo, a função da Igreja é dizer: ‘Aqui está o que Jesus diz’”, afirmou.

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