Membros do conselho nacional dos escoteiros dos EUA aprovaram nesta quinta-feira (23) o fim da restrição à entrada de jovens homossexuais no grupo, uma regra antiga e polêmica que vinha sendo debatida há meses e era vista como um marco para a entidade, um símbolo tradicional do país. Mais de 60% dos 1.400 dirigentes americanos do movimento aprovaram o texto da votação, segundo o qual nenhum jovem poderá ter sua filiação ao grupo negada "com base em sua orientação sexual". A política entrará em vigor em janeiro de 2014 e afeta às 116 mil tropas da entidade. A proibição de homossexuais entre os adultos, porém, permanece.

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"Durante 103 anos, os Meninos Escoteiros dos EUA foram parte importante desta nação, com o objetivo de trabalharmos juntos para oferecer o programa juvenil mais importante do país, que desenvolve uma liderança baseada em valores, Hoje, depois de uma revisão mais longa de nossa visão, e da votação de 1.400 membros, foi aprovado o fim da proibição à entrada de jovens baseada em sua orientação sexual", anunciou o grupo em comunicado.

A proibição à entrada de gays havia sido reafirmada no ano passado, mas após críticas de ativistas e de homossexuais que foram escoteiros ou chefes da instituição, o conselho-executivo da organização decidiu votar o tema novamente. A restrição de longa data tornou-se cada vez mais polarizada com o crescimento do debate acerca do assunto nos EUA, que aceitam militares homossexuais nas Forças Armadas desde 2011 e onde 12 estados já permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O próprio presidente, Barack Obama, havia dito que o grupo deveria eliminar a proibição.

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Em fevereiro, o mandatário - que incluiu uma defesa aos direitos dos homossexuais no seu discurso de posse para o segundo mandato - foi questionado sobre o tema durante entrevista à CBS, e disse ser favorável ao fim da proibição.

"Acredito que gays e lésbicas deveriam ter acessos e oportunidades da mesma forma que todos os demais, em todas as instituições e modos de vida. O grupo de escoteiros é uma grande instituição, que promove os jovens, lhes dá oportunidades e os ensina a serem líderes, lições para o resto das suas vidas. Acho que ninguém deveria ser barrado", disse Obama.

Do outro lado, porém, havia a muralha do conservadorismo e, principalmente das igrejas: nada menos que 70% das cerca de 100 mil unidades dos escoteiros são financiadas por instituições religiosas. Somente 22% têm o apoio de organizações civis e outros 7%, de grupos educacionais.

Diante do impasse, em fevereiro deste ano a entidade afirmou que cogitava extinguir a proibição em nível nacional, deixando às suas organizações locais as decisões sobre as políticas relacionadas à orientação sexual de seus integrantes jovens e adultos.

Mas, apesar da decisão histórica, um dado ainda causa apreensão. Uma pesquisa online com cerca de 200 mil membros do movimento escoteiro - entre jovens, parentes e líderes - indica que ainda há quem apoie o veto à entrada de gays no grupo: um em cada dois, ou seja, 50%.

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