Foto de arquivo do escritor Sergio Ramírez, durante a participação dele na feira internacional do livro de Guadalajara, no México, em novembro de 2022.| Foto: EFE/ Francisco Guasco
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O escritor Sergio Ramírez, cuja nacionalidade nicaraguense foi retirada na semana passada pelo governo do ditador Daniel Ortega, juntamente com a de quase outras cem pessoas, concordou em receber a nacionalidade equatoriana.

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O presidente do Equador, Guillermo Lasso, disse em um comunicado que Ramírez é um excelente escritor e "um homem que demonstrou com a sua vida que a luta pela democracia e pelos direitos humanos é consubstancial ao nosso destino na América Latina".

Dias atrás, Sergio Ramírez também recebeu outras ofertas de governos para adotar as suas respectivas nacionalidades, como foram os casos de Espanha, Chile e Colômbia.

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A cerimônia para a concessão da nacionalidade equatoriana a Ramírez será realizada em uma data a ser definida em breve.

Com esta ação, Lasso assegurou que "o Equador reconhece assim a sua luta pela liberdade, que é a luta de todos os latino-americanos que amam o seu povo".

Ramírez já foi vice-presidente da Nicarágua

Vencedor de prestigiados prêmios literários como Alfaguara e Cervantes durante a carreira como escritor, Ramírez tem também uma extensa carreira política na Nicarágua. Ele foi vice-presidente do país durante o primeiro mandato presidencial de Daniel Ortega (1985-1990).

Ramírez fez parte da Junta do Governo de Reconstrução Nacional após o triunfo da revolução sandinista contra a ditadura de Anastasio Sornoza (1979), chefiou o banco da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FLSN) e tornou-se candidato presidencial em 1996 para o Movimento de Renovação Sandinista, uma cisão da FLSN.

Desde os protestos de 2018, Ramírez vinha sendo alvo do governo Ortega juntamente com outros opositores.

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Em setembro de 2021, foi emitido um mandado de captura para Ramírez enquanto estava na Espanha. Neste ano, ele foi incluído entre as 94 pessoas cuja nacionalidade nicaraguense foi retirada por um tribunal.

A Nicarágua atravessa uma crise política e social desde abril de 2018.

Esta crise se acentuou após as eleições de 2021, quando Ortega foi reeleito para um quinto mandato, o quarto consecutivo e o segundo com a sua esposa, Rosario Murillo, como vice-presidente, com os principais rivais políticos presos ou exilados pelo regime ditatorial.