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A escritora nicaraguense Gioconda Belli aceitou a oferta do presidente do Chile, Gabriel Boric, para se naturalizar chilena. Belli é uma das 317 pessoas que perderam a nacionalidade após perseguição política do regime ditatorial de Daniel Ortega na Nicarágua.
"Tenho muitos amigos e pessoas que amo no Chile e por isso vou tirar a nacionalidade chilena. Se há outro país que sinto de todo o coração tão próximo, é o Chile", explicou Belli.
Na última terça-feira (21), o governo do Chile anunciou que estava oferecendo residência e nacionalidade chilena aos 317 opositores "injustamente expatriados" na Nicarágua, entre os quais também se encontra o escritor Sergio Ramírez.
"O Chile tem uma ligação profunda com a Nicarágua, de Rubén Darío a Pablo Neruda, Nicanor Parra, Marcela Serrano, Carla Guelfenbein. Há algum tempo, escrevi um poema onde dizia que a solidariedade é a ternura dos povos e hoje posso dizer que a solidariedade chilena abraçou a nós, nicaraguenses", acrescentou Belli.
O Chile é o país da América Latina que vem condenando com mais veemência o regime ditatorial liderado por Ortega e se tornou o segundo país, depois da Espanha, a oferecer oficialmente a naturalização aos opositores nicaraguenses.
"Agradeço a todos e nós, nicaraguenses, vamos seguir lutando pela democracia, pela liberdade e pela recuperação de um país livre. Não reconhecemos que possam tirar a terra onde nascemos, o direito que temos de ser nicaraguenses", finalizou Belli.
A escritora é autora de obras como "A mulher habitada" e "Sofía de los presságios" e foi vencedora do prêmio latino-americano "La Otra Orilla" em 2010. Belli atualmente está exilada na Espanha e foi uma das personalidades convidadas para a posse de Boric, em março de 2022.