Uma pesquisa nacional realizada pelo Instituto Ipsos mostra que 56% dos peruanos aprovam o perdão concedido pelo presidente Pedro Pablo Kuczynski ao ex-presidente Alberto Fujimori. O levantamento, publicado neste sábado (30) pelo jornal "El Comercio", indica, porém, que 40% dos entrevistados não concordam com o perdão. E 4% não se posicionaram. O Ipsos entrevistou 1.294 pessoas, em 27 e 28 de dezembro. A pesquisa tem margem de erro de 2%.
Por outro lado, o ganhador do prêmio Nobel de Literatura, Mario Vargas Llosa, e outros 238 escritores do Peru assinaram uma carta denunciando o perdão concedido ao ex-presidente Alberto Fujimori, afirmando que ele cobre a nação de "infâmia e vergonha".
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O documento afirma que o perdão não foi um ato de compaixão, "mas o cálculo político mais cínico e cru". Apoiadores de Fujimori ajudaram, na semana passada, o presidente Kuczynski a evitar um impeachment no Congresso. Fujimori derrotou Vargas Llosa em 1990 e chegou à presidência. Dois anos depois, ele dissolveu o Congresso. Ele fugiu do país em 2000.
Ao conceder o perdão, o presidente do Peru justificou com a seguinte frase: "Estou convencido de que aqueles de nós que se sentem democráticos não devem permitir que Alberto Fujimori morra na prisão, porque a justiça não é vingança".
Nuances
Contudo, 63% dos entrevistados pelo Ipsos acreditam que Kuczynski, que corria risco de impeachment no último dia 21, negociou com o deputado Kenji Fujimori, o filho mais novo do ex-presidente, os votos que o salvaram. Em contrapartida, 29% acreditam o presidente já havia pensado no perdão antes do processo de impeachment, devido ao estado de saúde de Fujimori.
A pesquisa também indica que 58% dos que aprovam o perdão consideram que foi concedido porque Alberto Fujimori está muito doente e 39% porque a sentença foi excessiva. Entre aqueles que discordam do benefício para Fujimori, 40% pensam que o ex-mandatário deve cumprir sua sentença por crimes graves.
Fujimori foi condenado em 2009 a 25 anos de prisão por uma série de crimes contra os direitos humanos e por corrução durante seu governo. Fujimori derrotou Vargas Llosa em 1990 e chegou à presidência. Dois anos depois, dissolveu o Congresso. Ele fugiu do país em 2000.
Apesar das condenações, ele se manteve com uma das principais forças políticas do país. Sua filha, Keiko, perdeu a eleição para Kuczynski em 2016 por uma pequena margem e o partido ligado a família, o Força Popular, tem maioria no Congresso.
Por isso, o presidente teria negociado com Kenji o indulto a Fujimori em troca dos votos necessários para impedir o impeachment. No fim, foram 78 votos favoráveis a saída de Kuczynski, nove a menos do que o necessário para seu afastamento -Kenji se absteve.
Kuczynski é acusado de ter participado do esquema de corrupção montado pela construtora brasileira Odebrecht no Peru.
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