Os que criticam a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, em resposta aos ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro, se dividem em duas categorias.
Há os que são menos incisivos nas suas críticas, como o presidente americano, Joe Biden, que pede um cessar-fogo e este mês declarou que a ofensiva israelense é “exagerada”.
E há os radicais, como os presidentes da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que causou indignação internacional ao comparar no último fim de semana a ação em Gaza ao Holocausto.
Independentemente da categoria, o que esses críticos não levam em conta (ou minimizam) é que a estratégia do Hamas de utilizar a população palestina como escudos humanos amplifica o número de mortes de civis na guerra.
Arma antiga do grupo terrorista, ela se manifesta no atual conflito nos túneis e postos que mantém em áreas densamente povoadas.
Em artigo na segunda-feira (19) para o jornal britânico The Telegraph, o jornalista americano Isaac Schorr afirmou que a retórica em torno do custo humano da guerra em Gaza é “previsível e tendenciosa”.
“O presidente do Brasil, Lula, de forma particularmente ofensiva, comparou as ações de Israel ao Holocausto. A [ONG] Human Rights Watch considera as operações de Israel ‘implacáveis e ilegais’, colocando toda a culpa pelo ‘horrível número de mortes’ diretamente sobre os ombros das FDI [Forças de Defesa de Israel]: ignorando os fatos conhecidos de que os foguetes do Hamas e de outros grupos jihadistas rotineiramente falham em Gaza, e os civis são com frequência usados como escudos humanos pelos combatentes do Hamas”, escreveu Schorr, que argumentou que o grupo terrorista recorre a essa estratégia justamente com o objetivo de despertar comoção internacional.
“É humano, e até justo, revoltar-se com os horrores do combate urbano. Mas é igualmente vital não permitir que os instintos virtuosos sejam aproveitados por forças malévolas”, afirmou o jornalista, que, assim como Israel e os Estados Unidos, questiona os números de mortes em Gaza porque a única fonte tem sido o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
Segundo a pasta, até esta terça-feira (20), cerca de 29 mil pessoas morreram em Gaza na guerra iniciada em 7 de outubro.
Nas últimas semanas, Israel divulgou fotos e vídeos para mostrar que o Hamas utiliza ou utilizou hospitais em Gaza para sediar comandos e manter reféns. Na semana passada, as FDI prenderam cerca de cem pessoas dentro do Hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, alegando indícios de atividades terroristas na unidade de saúde.
Logo no início da guerra, em outubro, Israel divulgou um vídeo para sustentar que o ataque ao Hospital Árabe Al-Ahli, na Cidade de Gaza, que deixou centenas de mortos, foi resultado de um erro no lançamento de um foguete da Jihad Islâmica, aliada do Hamas.
A informação foi confirmada pela inteligência dos Estados Unidos. Ainda não foi divulgada uma análise definitiva sobre o caso.
A utilização de hospitais pelo Hamas é especialmente dramática porque, além desses locais serem protegidos pelas leis internacionais de guerra (que também proíbem a utilização de escudos humanos), muitos civis têm procurado unidades de saúde para se abrigar diante da falta de lugares para morar.
Um relatório do final de janeiro do Banco Mundial mostrou que 45% das edificações residenciais em Gaza foram destruídas.
Os inúmeros túneis sob o enclave palestino são outro recurso do Hamas que coloca civis em risco. Uma reportagem de novembro do New York Times mostrou que essas estruturas, construídas sob densas áreas residenciais, não são usadas apenas para transporte de terroristas e armamentos: também comportam bunkers para armazenamento de armas, alimentos e água, e até centros de comando e passagens largas o suficiente para o trânsito de veículos.
Num artigo na semana passada para a revista americana Time, o jornalista palestino Jehad Saftawi, que deixou Gaza há sete anos e hoje mora nos Estados Unidos, mas cuja família saiu do enclave apenas após o 7 de outubro, afirmou que terroristas do Hamas usaram sua família e vizinhos como escudos humanos ao construir túneis embaixo das suas casas.
“Minha família e os vizinhos ouviam sons ou movimentos de vez em quando”, escreveu Saftawi.
“Às vezes, eles se perguntavam se realmente existiam túneis, se eles estavam ativos. Minha família tinha muito medo de falar sobre isso com alguém, então, era nosso segredo. Era uma vergonha, embora soubéssemos que nos opúnhamos profundamente ao que quer que o Hamas estivesse fazendo do outro lado daquela laje de cimento”, relatou.
Saftawi disse que a casa dos seus familiares foi destruída na guerra, mas que eles só estariam dispostos a voltar e reconstruí-la se o Hamas for efetivamente expulso de Gaza. “A casa da minha família não deve ser reconstruída enquanto houver um arsenal de armas embaixo dela”, desabafou, em postagem no X.
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