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Washington (AFP) – A idéia de iniciar um processo de "impeachment" visando a destituição do presidente americano George W. Bush em razão de sua ordem de utilização de escutas sem a autorização da Justiça nos Estados Unidos chegou a Washington, apesar de, no momento, a hipótese ser improvável. Se o Congresso chegar à conclusão de que George W. Bush violou a lei, "o impeachment será um remédio", afirmou o presidente republicano da comissão de Assuntos Judiciários do Senado, Arlen Specter. "O impeachment pode ser seguido de um processo, mas o principal remédio em nossa sociedade é o de se pagar um preço político", considerou Specter na semana passada.

Uma pesquisa realizada por uma organização que se opõe à guerra no Iraque informou que a opinião pública apoiaria um processo de "impeachment": segundo o instituto Zogby, a maioria de americanos (52%) está de acordo que, "se o presidente Bush realizou a escuta de cidadãos americanos sem a autorização de um juiz, o Congresso deveria fazer com que ele prestasse contas em um processo de impeachment". A pesquisa foi realizada de 9 a 12 janeiro com 1.216 pessoas a pedido da organização AfterDowningstreet.org. Contudo, vários democratas consideraram que é improvável que a maioria republicana do Congresso apóie um processo de "impeachment", apesar dos argumentos de alguns especialistas.

Um reconhecido constitucionalista, o advogado Jonathan Turley, não tem dúvida: "O que o presidente ordenou é um crime. Podemos discutir para saber se havia boas ou más razões, mas foi um crime, a lei federal informa claramente que este tipo de vigilância não pode ser efetuada no território nacional sem que seja cometido um crime passível de cinco anos de prisão", disse durante uma audição organizada pelos democratas da Câmara.

Para ele, um crime como este é "o motivo de impeachment. Não se trata apenas de um crime federal, mas da violação da doutrina da separação dos poderes" garantida na Constituição. O congressista nova-iorquino Jerry Nadler parecia convencido: "O objetivo do processo de impeachment é exatamente o de proteger a América de um líder que abusou de seu poder para impedir a liberdade", ressaltou.

Diante da polêmica suscitada por este assunto, a administração tenta justificar a necessidade das escutas – elas são "– vitais", afirma o vice-presidente Richard Cheney. Ela defende também a sua legalidade, com argumentos que não variam há um mês.

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