O grupo Estado Islâmico (EI) sofreu grandes perdas no Iraque e na Síria, mas conserva sua capacidade para realizar atentados no mundo, alertou nesta quinta-feira (16) o diretor da CIA, John Brennan. “Infelizmente, apesar de nossos progressos contra o EI no campo de batalha e no âmbito financeiro, nossos esforços não reduziram a capacidade de terrorismo nem o alcance global do grupo”, afirmou Brennan ante legisladores americanos.
“À medida que a pressão aumenta” sobre o EI no Iraque e na Síria, “acreditamos que intensificará sua campanha global” para permanecer como a maior organização terrorista, afirmou o chefe da agência de inteligência americana.
“Acreditamos que o EI treina” potenciais autores de ataques, disse ele.
No terreno, “vários indicadores importantes estão indo na direção certa”, disse Brennan, evocando a perda de territórios no Iraque e na Síria sofrida pelo EI.
“Um número crescente de combatentes tem perdido suas ilusões” e o EI tem tido mais dificuldade em preencher suas fileiras e convencer novos recrutas, disse ele.
Os extremistas também perderam recursos financeiros, apesar de ainda serem capazes de produzi-los, de modo que o “EI continua a ser um adversário temível”, garantiu.
Brennan falou no mesmo dia que o presidente Barack Obama visita Orlando para homenagear as vítimas do pior ataque cometido em solo americano desde 11 de setembro, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico. No domingo, Omar Mateen, um americano de origem afegã e inspirado pelo EI atacou uma boate gay matando 49 pessoas e ferindo 53, antes de ser morto pela polícia.
Obama e seu vice-presidente, Joe Bidden, chegam a cidade quatro dias após o ataque, ainda no período de luto. O presidente pretende “afirmar que o país está ao lado da população de Orlando” e da “comunidade LGBT” (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), afirmou na quarta-feira Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca. Ele ainda pretende se reunir com as famílias das vítimas para “oferecer condolências e conforto”, e também planeja se encontrar com as equipes de emergência, médicos, enfermeiros e paramédicos, “que agiram heroicamente” e “de forma corajosa”, sem qualquer preocupação com sua própria segurança.
Controle de armas
O massacre reviveu o debate sobre a venda controlada de armas de fogo, que opõe republicanos e democratas. O assassino, que foi alvo no passado de investigações por supostas ligações com redes extremistas, comprou as armas utilizadas no ataque, um fuzil e uma pistola, legalmente.
Os democratas obtiveram uma pequena vitória ao conseguir, após 14 horas de obstrução parlamentar, fazer avançar um projeto de lei limitando o acesso a armas de suspeitos de terrorismo. O texto deverá agora ser examinado no Senado. Mas isso não garante sua adoção, uma vez que uma medida semelhante falhou em dezembro na câmara alta, onde a maioria republicana votou contra.
Desta vez, os senadores republicanos se comprometeram a votar medidas de restrição à venda de armas, anunciou nesta quinta-feira o senador democrata Chris Murphy. Dentre as possíveis mudanças, deverão ser discutidas a verificação do histórico dos compradores e a proibição de venda aos que estiverem na lista de vigilância contra o terrorismo. Há mais de dez anos, os republicanos bloqueiam novas medidas para o controle das armas no país.
O partido alega que a mudança ameaçaria o direito dos americanos de possuir armas, garantido pela Constituição. No entanto, a recente tragédia de Orlando e os frequentes ataques armados que acontecem pelo país vêm pressionando Washington a revisar a legislação.
Enquanto cresce a pressão para uma resposta ao massacre, o virtual candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na quarta-feira que se reuniria com o lobby armamentista do país para discutir medidas de controle de armas. Na ocasião, segundo ele, será debatida a proibição da venda de armamentos às pessoas que estão na lista antiterror.
Se o Congresso aprovar uma medida de controle de armas, esta seria a primeira vez em mais de 20 anos que legisladores americanos concordam em uma mudança sobre o tema. Em 1994, as armas semi-automáticas – como era a usada por Mateen – chegaram a ser banidas, mas a proibição expirou dez anos mais tarde.
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