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Resumo desta reportagem
- O Partido Popular (PP), conservador, obteve vitórias nas eleições municipais e regionais, indicando uma guinada à direita na Espanha, com o fracasso do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e o quase desaparecimento do Ciudadanos.
- O partido de direita Vox e o independentista EH-Bildu também ganharam destaque nessas eleições, este último especialmente no País Basco.
- O PP foi o partido mais votado em várias grandes cidades espanholas, incluindo Madri, e recuperou poder em várias regiões, enquanto os socialistas perderam alguns de seus redutos.
As eleições municipais e regionais deste domingo (28) atestaram a guinada à direita na Espanha, com a vitória do conservador Partido Popular (PP) na maioria das câmaras municipais e governos regionais em disputa, e o consequente fracasso do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), poucos meses antes das eleições gerais.
Os resultados dessas eleições também refletem a ascensão do partido de direita Vox e do independentista EH-Bildu no País Basco, bem como o desaparecimento do panorama político dos liberais do Ciudadanos.
Com 95% das urnas apuradas, o PP de Alberto Núñez Feijóo venceu nas eleições municipais tanto na contagem de votos, com uma diferença de 687.000 sobre o PSOE de Pedro Sánchez, quanto em número de legisladores locais, tendo conseguido 22.739, contra 20.160 dos socialistas.
Já o Vox dobrou seu apoio eleitoral, passando de 3,5% dos votos para 7,1%. No número de legisladores locais, tinha 530 em 2019 e hoje chega a 1.663, ou seja, o triplo do número de representantes em toda a Espanha.
Por sua vez, o EH-Bildu obteve 1,70% e 1.391 representantes, 129 a mais que em 2019, e se tornou a primeira força política em número de votos em nível local no País Basco.
O Ciudadanos foi o grande perdedor do dia, ficando com 378 representantes e perdendo 2.409. Na votação, passou de 8,73% dos votos para 1,35%.
No total, 21.778.181 eleitores, o equivalente a 63,83% do censo eleitoral de 35,6 milhões de pessoas, foram às urnas neste domingo, o que representa uma queda de pouco mais de um ponto (1,3%) em relação a 2019, quando a taxa de participação foi de de 65,19%.
PP triunfa nas grandes cidades
O PP foi o partido mais votado em sete das dez grandes cidades espanholas, incluindo Madri, Valência, Zaragoza, Málaga e Sevilha, esta última um tradicional reduto socialista.
Na capital espanhola, o atual prefeito, José Luis Martínez-Almeida, alcançou a maioria absoluta, enquanto o partido pró-independência Junts foi o grande vencedor em Barcelona ao conseguir desbancar o Barcelona em Comum, legenda da atual prefeita, Ada Colau, em número de legisladores.
No total, o PP foi o partido com mais votos em 28 das 50 capitais provinciais, 17 a mais do que em 2019, e em metade delas por maioria absoluta.
A legenda também manteve seu domínio sobre a região de Madri, onde a presidente regional (equivalente ao cargo de governador no Brasil), Isabel Díaz Ayuso, obteve a maioria absoluta, enquanto a formação de esquerda Unidos Podemos, que governa em coalizão com o PSOE em nível nacional, desapareceu do parlamento local.
O PP também prevaleceu nas comunidades de La Rioja, Cantábria, Baleares, Aragón e Valência, ainda que nestas três últimas regiões vá precisar do apoio do VOX para governar.
Os socialistas também perderam um dos seus redutos, a região da Extremadura, embora tenham mantido Castilla-La Mancha e Astúrias.
Euforia no PP e reflexão no PSOE
A euforia era evidente na sede do Partido Popular em Madri, onde centenas de simpatizantes se reuniram com cartazes comemorando o triunfo, uma alegria que se espalhou pela maior parte das sedes regionais dos conservadores.
"A Espanha nos deu sua confiança. Ganhou neutralidade diante do radicalismo, respeito diante das desqualificações. Demos o primeiro passo para um novo ciclo político que vamos abrir nos próximos meses", declarou Núñez Feijóo enquanto era ovacionado.
Por sua vez, a porta-voz do Executivo federal do PSOE e ministra da Educação, Pilar Alegría, admitiu que seu partido deve "fazer uma reflexão nos próximos meses" e destacou que precisam "se esforçar" para conseguir "confiança" nas eleições gerais.
"Entendemos a mensagem e a partir de agora começamos a trabalhar com mais intensidade", afirmou.