O governo espanhol decretou a remoção dos restos do ditador Francisco Franco de um mausoléu nos arredores de Madri, cumprindo uma promessa feita pelo primeiro-ministro socialista Pedro Sanchez quando assumiu o cargo em junho.
O decreto foi assinado nesta sexta e ainda está sujeito a confirmação por uma votação no parlamento. Até que isto aconteça, os restos do ditador não serão removidos do monumento do Valle de los Caidos, a 55 quilômetros de Madri.
Segundo os jornais espanhóis El Mundo e El País, será dado um prazo de 15 dias para que a família do ditador – sete netos – defina para onde serão encaminhados os restos após a exumação. A intenção é de que o procedimento seja realizado ainda neste ano.
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Um dos possíveis locais poderia ser uma capela no cemitério de El Pardo, em Madri, onde estão enterradas a esposa de Franco, Carmen Polo, e a filha, Maria del Carmen Franco y Polo. Caso não haja um posicionamento entre os familiares ou existam divergências entre eles, destaca o El Mundo, o Executivo espanhol decidirá o “digno e respeitoso traslado dos restos mortais.”
O general militar governou o país de 1939 até sua morte em 1975, depois de levar as forças nacionalistas à vitória na Guerra Civil Espanhola (1936-9), na qual cerca de 500 mil pessoas perderam a vida.
O corpo do ditador foi enterrado, em 1976, em uma basílica situada em uma encosta de uma montanha perto da cidade de San Lorenzo del Escorial, perto de Madri, sob uma cruz de pedra gigante que, para muitos espanhóis, continua sendo um símbolo das divisões do conflito.
O memorial foi construído usando trabalho forçado de presos políticos entre 1940 e 1958. Ele contém os restos mortais de 33,8 mil pessoas mortas durante a guerra civil, de acordo com a Patrimônio Nacional, a agência encarregada de administrar o local. Os mortos são de integrantes do exército nacionalista, de Franco, e do republicano, que foi derrotado.
“Ter a vítimas de ambos os lados no mesmo lugar onde Franco está é uma maneira totalmente inaceitável para uma democracia moderna como a nossa. É uma falta de respeito e paz para com as vítimas que estão enterradas ali”, disse a vice-primeira-ministra Carmen Calvo em uma entrevista coletiva nesta sexta-feira.
Questionamento
Aproximadamente 41% dos espanhóis aprovam a ideia de remover Franco do monumento, em comparação com 38,5% daqueles que não o querem, aponta uma pesquisa da Sigma Dos realizada no mês passado para o El Mundo. Mesmo que a pesquisa tenha apontado para uma pequena maioria favorável à exumação de Franco, 54% dos entrevistados disseram que não acham que agora é a hora certa para fazê-lo.
O conservador Partido Popular, o maior no parlamento espanhol, e os liberais do Ciudadanos - o quarto maior - dizem não apoiar a tentativa de Sanchez de remover Franco porque o governo deveria ter outras prioridades mais importantes.
O legislativo aprovou no ano passado uma proposta feita pelos socialistas para remover Franco do monumento, mas o voto simbólico não tinha força legal.
Sánchez prometeu desenterrar os restos mortais de Franco do memorial quando viabilizou, no final de maio, a saída de seu antecessor, Mariano Rajoy, na primeira moção de desconfiança com sucesso do país, em 40 anos de democracia. O líder socialista alinhou uma aliança de partidos, incluindo o anti-establishment Podemos, e grupos nacionalistas e separatistas das regiões da Catalunha e do País Basco.
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